Marianne
A vida é um ambiente que foge da razão e do nosso saber. Dentro desse ambiente as conquistas e as perdas não são conseqüências, e sim acidentes. “Acidentes” no conceito de que não houve previsão para determinada ocasião que ocorreu, ou seja, como algo inevitável e imprevisível.

Como uma moeda, há sempre dois lados que nunca se separarão, e sempre ficamos de joelhos em um único lado, pois não há maneira de estar dos dois lados, pois quando se está de um lado, não se está no outro lado. Não há fuga, ou adaptamos nosso emocional ao lado que caímos, ou independente de nossa reação, mesmo que, nos tornemos neuróticos pela não-aceitação do lado da moeda que estamos, supostamente do lado de perdas, estamos já adaptados nele, pois estamos perdendo, seja como for ou o que for.

Cada pessoa é livre dentro de si mesmo, basta criar consciência disso e usufruir das boas coisas, mas no seu exterior, tal liberdade é limitada.

Amigos são conquistas, amores são milagres, muitos vêm e muitos se vão, poucos ficam, metade dos motivos para amigos e amores ficarem dependem de nós, a outra metade depende deles, por isso não devemos assumir uma culpa que não é nossa, pessoas erram com nós e mesmo assim tentamos santifica-las para não perder a boa imagem que criamos devido a afeição que tínhamos por elas.

Devagar as células se juntam e formam um corpo na sua naturalidade, na mesma velocidade se destroem, assim é a vida, uma construção, uma destruição, uma reconstrução, agüenta coração sofrer por tantos níveis emocionais assim!

Uma vez me deixaram um verso que falava que, o que a vida quer de nós é coragem. Mas a coragem é o lado oposto da moeda que tem o medo, talvez eu tenha os dois lados em mim, mas a base dos meus pés é sempre única, ou do medo ou da coragem.

Eu diria que a coragem está na ilimitação do meu interior e o medo na limitação do meu exterior, e justamente esse medo sufoca essa coragem.

É preciso ter coragem para dar adeus com tanto medo, e é preciso ter medo para das adeus com tanta coragem, quer queira, quer não, tudo isto que nossos olhos conseguem ver nessa dimensão, cedo ou tarde, irá ir embora, sem chance de retorno. Se isto diz respeito as pessoas, será sempre confortante deixarmos cada pessoa com doces palavras, com intensos sorrisos, com declarações, com resolução de problemas, acumular problemas faz mal a saúde! E não importa o quanto nossa certeza seja absoluta que tornaremos a ver cada uma dessas pessoas.

Não somos capazes de perceber a nós mesmo, sem olhar para o espelho com o nome de outro, só assim somos capazes de “refletir”.
Marianne

O isolamento está se tornando uma das febres mais forte dessa década, assim como as síndromes emocionais. Ser sociável se tornou uma pressão, algo forçado para a sobrevivência, no mesmo cenário, a falha no dique é a apelação as drogas, lícitas ou ilícitas.

Um comprimido nos deixa sociável por quatro horas, nós sorrimos sem forçar, nós choramos sem vergonha, nós participamos de reuniões com pessoas importantíssimas, sentimos que somos capazes de “conquistar o mundo”, mas e depois? Quando o efeito termina, voltamos a estaca zero, ou menos zero, nós nos encaramos e o que encontramos é o oposto do que gostaríamos de encontrar – nós tais como somos.

A dependência surge... E não digo necessariamente das heroínas, das maconhas, das balas e essas drogas da noite, digo dos “inocentes” comprimidos dados nos divãs das quintas-feiras, começa com diazepan, lexotan, de inicio é um comprimido a noite, depois um de dia, outro a noite, logo dois de dia e três a noite, até surgir o efeito oposto do desejado e nessa alienação nos vemos pulando de marcas de calmante e anti-depressivos como macaco pulando de galho em galho, e a cura? Não há cura, e sabe por quê? Porque desespero não é “algo” orgânico, não é uma pancada no joelho roxa que se alivia e tira com gelol, nem aquela dorzinha de cabeça chata que o dorflex “cura”.

O mundo que você poderia conquistar torna-se um inferno!

Já não somos capazes de encarar o outro nos olhos, andar em multidões é o mesmo que mergulhar no fundo do oceano e não conseguir encontrar o topo para respirar... Mas quem não estuda – não trabalha; quem não trabalha – não come, nem bebe; quem não come e nem bebe – não sobrevive!

Estamos dormindo no berço de uma sociedade que nos manipula como máquinas, trabalhamos para ela, esquecemos de viver e apenas existimos com um relógio no peito esperando a pilha acabar, e o pior, desejamos que essa pilha acabe o quanto antes.

É assim que as coisas são... Como uma criança corre para debaixo do cobertor quando ouve um barulho que lhe causa medo a noite, nós, adultos, corremos para o isolamento, já que na tentativa de sermos tão iguais e cópias fisicamente, acabamos por nos tornarmos tão diferentes intelectualmente, que dialogar com o próximo tornou-se a coisa mais difícil a ser feita, e para isso ser possível tomamos leves alucinógenos que mascara nós mesmos e os outros.
Marianne

Estou aqui olhando para a noite
Contanto quantas estrelas brilham como você
Fazendo uma prece para a lua
E sussurrando todos os nossos segredos ao céu
Você sabe, ainda estou congelada em fevereiro,
E as ruínas que você deixou ainda estão intactas

E se eu for atrás de você?
Quantas mentiras novas você irá trazer?
Eu somente queria minha identidade de novo
Da forma que eu tinha antes de você partir
E o que aquela terra tem a mais do que eu?
Uma economia do seu miserável dinheiro?
Me diga... qual é o seu preço?
Então direi se você vale aquilo que você cobra...

Há tantos corações desesperados
Sem uma companhia de estimação
Mas não vou manter em mim
Aquilo que você matou em você
Nem vou chorar as lágrimas
Pois o destino dela não te faz as merecerem

Para sempre te seguindo como sombra
Mais uma adolescência jogada na sarjeta
Mas não vou sentar na noite esperando por seu brilho
A lua é testemunha da nossa insignificância aqui a baixo

Acabou... ao menos sei que você não matará as lembranças
Que criamos juntos como crianças...