Não se sabe bem ao certo onde esse conto foi contado, alguns falam que ocorreu no deserto da Espanha, outros afirmam que Espanha era apenas o apelido de uma jovem poetisa que era vazia e silenciosa com um coração deserto, já em outros povos há quem diga que ocorreu em um lugar onde havia muita neve e montanhas, mas no conto o espaço já não tinha importância e sim o tempo...
♣ *.¸¸. O CORVO, A CORUJA BRANCA E A SOLIDÃO .¸¸.* ♣
I
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Havia um corvo selvagem que voava pelos lugares mais perigosos e não sentia medo de nada, o Corvo conversava com os espíritos da selva, do ar e dos mares e eles sempre o orientavam, mas o Corvo sentia que havia um tempo em seu espaço que ele deveria usar, esse tempo foi colocado em uma caixinha e jogado na sua árvore, logo o Corvo deduziu que independente se fosse ou não um presente pra ele, ele deveria abrir.
Então com o tempo em suas mãos, o Corvo voou na montanha para enxergar a selva inteira e ver onde ele usaria esse tempo, por acidente encontrou a Coruja Branca que adivinhava o futuro de qualquer um, a Coruja Branca vivia com a sua amiga Solidão, as duas sempre juntas. A Coruja Branca amava a Sabedoria, mas a Sabedoria morava tão longe dela, que ela tinha que se preparar para uma longa viagem, foi por causa disso que ela fez amizade com a Solidão, pois a Solidão era uma das melhores guia para levar qualquer um á amiga Sabedoria.
No topo da montanha a Coruja Branca sempre recebia a visita dos Ventos que moravam nos quatros cantos do mundo, os Ventos teceram com flocos de neves um lindo vestido para a Coruja Branca visitar a Sabedoria, a Solidão era um pouco anti-social, quando os quatros Ventos vinham, a Solidão saia caminhar em outras montanhas. E foi justamente quando a Solidão saiu caminhar e quando os quatro Ventos voltaram para os cantos do mundo que o Corvo apareceu.
- Quem é você? – Perguntou o Corvo para a Coruja Branca.
- Que pergunta mais difícil você me faz! – Respondeu a Coruja Branca – Porque não me perguntas quem eu não sou?
- Quem você não é? – Perguntou novamente o Corvo.
- Eu não sou um nome chamado Coruja Branca, nem sou um animal como a separação dos seres diz, não sou uma característica, não sou você, não sou nada do que não sou eu. Porque eu não sou os signos que me nomeiam.
- Entendo! Prazer, eu não sou um nome chamado Corvo, nem sou uma ave preta que corta os céus e os mares, não sou o que me classificam, não sou um aventureiro, não sou nada do que não sou.
- O prazer é todo meu Senhor Corvo! – Falou a Coruja.
- O que você faz? Continuou o Corvo.
- Eu me preparo á anos e anos para conhecer pessoalmente uma amiga, você deve ter ouvido muito sobre ela, a Sabedoria!
- Sim, sim! – Respondeu curioso o Corvo – Também pretendo visitá-la algum dia, mas no momento encontrei uma caixa que guarda o tempo e eu a abri, mas agora não sei como gastar esse tempo, porque esse tempo é diferente de todos os outros tempos, esse tempo são migalhas totalmente pequeninas de instantes!
- Oh, deixe-me ver! – Inclinou-se para a caixinha a Coruja Branca – Você tem razão, ele é bem curto!
- Me sinto sozinho e esse tempo é muito pequeno para que eu encontre a Sabedoria, preciso ser mais hábil, ser mais produtivo para a selva, pois a selva me dá pouco quando produzo pouco. – Falou o Corvo olhando para a selva ao seu redor.
- Sei como é – Suspirou a Coruja Branca – A selva me excluiu á algum tempo, pouco ela me dá, pois nada produzo a não ser meus pensamentos, mas pensamentos não mata a fome, porém se eu encontrar a Sabedoria ela irá me ajudar, sinto isso com tudo o que sou!
- Admiro sua coragem! – Falou o Corvo.
- Invejo sua liberdade... – Respondeu a Coruja.
- Venha comigo voar um pouco pela selva! – Convidou o Corvo.
- Oh, não sei bem se é certo, á muito tempo não vôo, posso me perder e depois não me encontrar mais! – Lamentou a Coruja Branca.
- Se você se perder eu te acho e te devolvo a ti! – Consolou o Corvo.
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Então voaram juntos pela selva, mas a Coruja Branca esqueceu que seu vestido era de flocos de neve e então ela viu todo o véu gelado derreter de suas asas e notara que passou tanto tempo no topo da montanha que seu pequeno coração congelou com as visitas dos quatro Ventos e então ela não conseguia mais voar, pois seu coração estava quente demais para si mesma e o gelo que derretia saia pelos seus olhos, suas asas foi machucada pelos galhos das árvores devido a falta de habilidade que ela teve.
O Corvo desesperadamente a procurou, mas a Solidão visto que a Coruja Branca não estava no seu lugar de sempre, saiu desesperadamente e encontrou a Coruja Branca antes do Corvo e a levou de volta para a montanha. Os quatros Ventos voltaram preocupados com as feridas da Coruja Branca e visto que não poderia curar essas feridas, sopraram sobre elas para que congelasse e para que a dor não doesse, mas o que mais sangrava dentro de si era o seu coração, pois havia algo ali que a deixava fraca e frágil.
A Coruja Branca passou meses sem ver o Corvo e descobriu a ferida que dói e não se sente, desesperada ela pediu para que os Ventos tentassem novamente congelar seu coração, mas os Ventos acabaram trombando entre eles e nem seus furacões foram capazes de congelar aquele pequenino pedaço de carne que queimava como vulcões explodindo. Visto que não tinha solução pediu para a Solidão procurar o Corvo.
A Solidão toda silenciosa, descobriu que o Corvo entristeceu alguém e voltou correndo contar para a Coruja Branca.
- Coruja Branca, minha companheira de lágrimas e melancolias, fui buscar aquele que faz seu coração sangrar e queimar, descobri que há uma pequena donzela que cujo nome significa quase o meu nome, os gregos falaram que seu nome diz “sozinha e solitária”... A donzela sozinha e solitária não quer mais falar com o Corvo. Corvo machucou o coração da donzela.
- Obrigada Solidão, sempre soube que junto com a Sabedoria, você é a amiga mais fiel que sempre esteve por perto, lamento ter saído de perto de você sem avisar, eu me distraí um pouco com o Corvo que também buscava aquela que eu busco. Coruja Branca não tem medo de você, Coruja Branca conhece agora a dor do coração que sangra e não quer ver a donzela cujo nome é sozinha e solitária, chorar... – Sorriu falsamente para a Solidão – Diga ao Corvo que eu tenho você e que ele precisa cuidar da donzela sozinha e solitária e entregue a ele essa carta.
A Solidão saiu na selva cumprir seu dever, mas Coruja Branca não viu a Solidão voltar... Então a Coruja Branca decidiu que o topo da montanha gelada era seu lugar e embora seu coração não pudesse congelar de novo, ela podia fazer da dor lindos poemas melodramáticos e versos para inspirar aqueles que amam.
- Volte logo Solidão... – Falou baixinho para que os quatro Ventos não ouvissem. - Talvez eu não percebi, mas o Corvo gastou o tempo da caixinha feitos de instantes comigo...
- Volte logo Solidão... – Falou baixinho para que os quatro Ventos não ouvissem. - Talvez eu não percebi, mas o Corvo gastou o tempo da caixinha feitos de instantes comigo...
Raro *-* Adorei demais!
Obrigada querida Maytê, seja bem vinda. Escrevi esse conto num momento um tanto difícil da minha vida, fazia tempo que eu mesma não lia, mas após reler, percebi que o momento foi superado. Grata pela sua passagem aqui. Abraços.