Marianne
Não se sabe bem ao certo onde esse conto foi contado, alguns falam que ocorreu no deserto da Espanha, outros afirmam que Espanha era apenas o apelido de uma jovem poetisa que era vazia e silenciosa com um coração deserto, já em outros povos há quem diga que ocorreu em um lugar onde havia muita neve e montanhas, mas no conto o espaço já não tinha importância e sim o tempo...


  *.¸¸. O CORVO, A CORUJA BRANCA E A SOLIDÃO .¸¸.*

 I
 

Havia um corvo selvagem que voava pelos lugares mais perigosos e não sentia medo de nada, o Corvo conversava com os espíritos da selva, do ar e dos mares e eles sempre o orientavam, mas o Corvo sentia que havia um tempo em seu espaço que ele deveria usar, esse tempo foi colocado em uma caixinha e jogado na sua árvore, logo o Corvo deduziu que independente se fosse ou não um presente pra ele, ele deveria abrir.

Então com o tempo em suas mãos, o Corvo voou na montanha para enxergar a selva inteira e ver onde ele usaria esse tempo, por acidente encontrou a Coruja Branca que adivinhava o futuro de qualquer um, a Coruja Branca vivia com a sua amiga Solidão, as duas sempre juntas. A Coruja Branca amava a Sabedoria, mas a Sabedoria morava tão longe dela, que ela tinha que se preparar para uma longa viagem, foi por causa disso que ela fez amizade com a Solidão, pois a Solidão era uma das melhores guia para levar qualquer um á amiga Sabedoria.

No topo da montanha a Coruja Branca sempre recebia a visita dos Ventos que moravam nos quatros cantos do mundo, os Ventos teceram com flocos de neves um lindo vestido para a Coruja Branca visitar a Sabedoria, a Solidão era um pouco anti-social, quando os quatros Ventos vinham, a Solidão saia caminhar em outras montanhas. E foi justamente quando a Solidão saiu caminhar e quando os quatro Ventos voltaram para os cantos do mundo que o Corvo apareceu.

- Quem é você? – Perguntou o Corvo para a Coruja Branca.
- Que pergunta mais difícil você me faz! – Respondeu a Coruja Branca – Porque não me perguntas quem eu não sou?
- Quem você não é? – Perguntou novamente o Corvo.
- Eu não sou um nome chamado Coruja Branca, nem sou um animal como a separação dos seres diz, não sou uma característica, não sou você, não sou nada do que não sou eu. Porque eu não sou os signos que me nomeiam.
- Entendo! Prazer, eu não sou um nome chamado Corvo, nem sou uma ave preta que corta os céus e os mares, não sou o que me classificam, não sou um aventureiro, não sou nada do que não sou.
- O prazer é todo meu Senhor Corvo! – Falou a Coruja.
- O que você faz? Continuou o Corvo.
- Eu me preparo á anos e anos para conhecer pessoalmente uma amiga, você deve ter ouvido muito sobre ela, a Sabedoria!
- Sim, sim! – Respondeu curioso o Corvo – Também pretendo visitá-la algum dia, mas no momento encontrei uma caixa que guarda o tempo e eu a abri, mas agora não sei como gastar esse tempo, porque esse tempo é diferente de todos os outros tempos, esse tempo são migalhas totalmente pequeninas de instantes!
- Oh, deixe-me ver! – Inclinou-se para a caixinha a Coruja Branca – Você tem razão, ele é bem curto!
- Me sinto sozinho e esse tempo é muito pequeno para que eu encontre a Sabedoria, preciso ser mais hábil, ser mais produtivo para a selva, pois a selva me dá pouco quando produzo pouco. – Falou o Corvo olhando para a selva ao seu redor.
- Sei como é – Suspirou a Coruja Branca – A selva me excluiu á algum tempo, pouco ela me dá, pois nada produzo a não ser meus pensamentos, mas pensamentos não mata a fome, porém se eu encontrar a Sabedoria ela irá me ajudar, sinto isso com tudo o que sou!
- Admiro sua coragem! – Falou o Corvo.
- Invejo sua liberdade... – Respondeu a Coruja.
- Venha comigo voar um pouco pela selva! – Convidou o Corvo.
- Oh, não sei bem se é certo, á muito tempo não vôo, posso me perder e depois não me encontrar mais! – Lamentou a Coruja Branca.
- Se você se perder eu te acho e te devolvo a ti! – Consolou o Corvo.

 ♘
 Então voaram juntos pela selva, mas a Coruja Branca esqueceu que seu vestido era de flocos de neve e então ela viu todo o véu gelado derreter de suas asas e notara que passou tanto tempo no topo da montanha que seu pequeno coração congelou com as visitas dos quatro Ventos e então ela não conseguia mais voar, pois seu coração estava quente demais para si mesma e o gelo que derretia saia pelos seus olhos, suas asas foi machucada pelos galhos das árvores devido a falta de habilidade que ela teve.

O Corvo desesperadamente a procurou, mas a Solidão visto que a Coruja Branca não estava no seu lugar de sempre, saiu desesperadamente e encontrou a Coruja Branca antes do Corvo e a levou de volta para a montanha. Os quatros Ventos voltaram preocupados com as feridas da Coruja Branca e visto que não poderia curar essas feridas, sopraram sobre elas para que congelasse e para que a dor não doesse, mas o que mais sangrava dentro de si era o seu coração, pois havia algo ali que a deixava fraca e frágil.

A Coruja Branca passou meses sem ver o Corvo e descobriu a ferida que dói e não se sente, desesperada ela pediu para que os Ventos tentassem novamente congelar seu coração, mas os Ventos acabaram trombando entre eles e nem seus furacões foram capazes de congelar aquele pequenino pedaço de carne que queimava como vulcões explodindo. Visto que não tinha solução pediu para a Solidão procurar o Corvo.

A Solidão toda silenciosa, descobriu que o Corvo entristeceu alguém e voltou correndo contar para a Coruja Branca.

- Coruja Branca, minha companheira de lágrimas e melancolias, fui buscar aquele que faz seu coração sangrar e queimar, descobri que há uma pequena donzela que cujo nome significa quase o meu nome, os gregos falaram que seu nome diz “sozinha e solitária”... A donzela sozinha e solitária não quer mais falar com o Corvo. Corvo machucou o coração da donzela.

- Obrigada Solidão, sempre soube que junto com a Sabedoria, você é a amiga mais fiel que sempre esteve por perto, lamento ter saído de perto de você sem avisar, eu me distraí um pouco com o Corvo que também buscava aquela que eu busco. Coruja Branca não tem medo de você, Coruja Branca conhece agora a dor do coração que sangra e não quer ver a donzela cujo nome é sozinha e solitária, chorar... – Sorriu falsamente para a Solidão – Diga ao Corvo que eu tenho você e que ele precisa cuidar da donzela sozinha e solitária e entregue a ele essa carta.

A Solidão saiu na selva cumprir seu dever, mas Coruja Branca não viu a Solidão voltar... Então a Coruja Branca decidiu que o topo da montanha gelada era seu lugar e embora seu coração não pudesse congelar de novo, ela podia fazer da dor lindos poemas melodramáticos e versos para inspirar aqueles que amam.

- Volte logo Solidão... – Falou baixinho para que os quatro Ventos não ouvissem. - Talvez eu não percebi, mas o Corvo gastou o tempo da caixinha feitos de instantes comigo...


2 Responses

  1. Marianne Says:

    Obrigada querida Maytê, seja bem vinda. Escrevi esse conto num momento um tanto difícil da minha vida, fazia tempo que eu mesma não lia, mas após reler, percebi que o momento foi superado. Grata pela sua passagem aqui. Abraços.


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