O que falta em mim é tudo o que sobra nos outros. Sou a espectadora do caos, assisto na última fila e o que vejo são os excessos, excessos de razões, sonhos, motivações, projeções, desejos, sentimentos... Vejo a vida com o olhar de uma espectadora e não com o olhar daqueles que se apresentam no palco, para a platéia, para mim.
Nadando contra a maré, já não sinto meus braços, esqueci como é deixar se levar pelas águas – nadando contra a maré – sem nenhum propósito, sem nenhuma razão, sem nada, apenas com o que eu tenho: eu mesma.
Eu sei que diante do fato de que só porque aquela flor está morrendo, eu deixei de regá-la, e isso me diminui.
Minha lepra espiritual, sim, meu espírito está doente, caindo aos pedaços, enojado de todos e de si mesmo. Às vezes vem em mim a brisa da reflexão e veja como as coisas são: as pessoas quanto mais estudam para conhecer, menos humanas tornam, quanto mais se conhece, mais humilha quem não conhece. E a morte de cada homem não diminui mais ninguém, mas engrandece. Há prazer em lançar o outro abaixo do seu nível... Mas nível de quê? Não somos nada do que consumimos, não somos quem amamos, não somos tudo o que usamos pra exibir e mostrar “olha eu existo e meu carro de 80 mil dólares está tentando falar que sou superior a você!”. – A sociedade está doente, está histérica, tem sede da desgraça do outro, a sociedade é contagiosa.
E já não se fala de coisas boas, todos se tornaram robôs, programados para todo dia falar a mesma coisa, não há mais mudança... Meus ouvidos cansaram de ouvir as mesmas coisas, meu olhos cansaram de ver também, meus sentidos cansaram de sentir qualquer coisa.
Eles estão com o dedo podre apontando o que há de pior em você! - E você aceita isso de todo ser!
Meu espírito é um andarilho leproso, não há graça em ninguém, o que quer que eu olhe, só vejo manchas cinza, todas iguais, as massas, as manipulações, as pessoas estão doentes, pois seus deuses estão amarrados numa camisa de força e lançados numa solitária pedindo por glória.
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