A ambiguidade está na relação, pois, assim que a culpa é posta, a angústia passa, e vem o arrependimento. A relação, tal como a da angústia, é sempre de simpatia e antipatia. Isso parece de novo um paradoxo, porém não é assim, pois ao mesmo tempo em que a angústia teme, ela mantém uma comunicação maliciosa com seu objeto, não consegue desviar os olhos dele, nem mesmo o quer, pois se o indivíduo quiser fazê-lo, o arrependimento aparecerá. (...) A vida mostra, aliás, suficientemente fenômenos em que o indivíduo na angústia fixa na culpa um olhar quase ávido e, contudo, a teme. Aos olhos do espírito a culpa possui o mesmo poder de encantamento que tem o olhar da serpente. (Página 111)
KIERKEGAARD, S. O Conceito de angústia: uma simples reflexão psicológico-demonstrativa direcionada ao problema dogmático do pecado hereditário de Vigilius Haufniensis. - Petrópoles, RJ: Vozes; São Paulo, SP: Editora Universitária São Francisco, 2010. - (Coleção pensamento Humano)
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