Marianne

- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, nalgum lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importância!

Marianne

Me senti uma figurante no palco em que você atuou esse tempo todo, eu acreditei que o seu ato era verdadeiro e não uma simples interpretação. Parabéns, você é um artista profissional, ou um mentiroso, no grosso modo da expressão...

Me senti como um animalzinho de estimação que te seguia e você sentia pena de espantar.

O pior do fato de não conseguir sair do papel de vítima é olhar para si mesma e sentir pena do que se torna a cada dia, uma sombra de alguém... Uma bonequinha na caixinha de música de alguém, um objeto, sempre um objeto que não é visto por ninguém.
Marianne

Tenho um demônio que caminha ao meu lado, às vezes ele gosta de me trazer a intenção de que está persuadindo meu destino.

Sempre haverá uma viagem, uma viagem que carrega um momento em que duas pessoas dizem adeus. O nosso adeus está chegando. Ficar perto de você é como tomar um licor envenenado, que mata lentamente e ficar fingindo que estou vivendo, que não está fazendo efeito esse veneno em mim, você que era para mim um lago de águas doce se tornou um lago de águas salgada.

O firmamento que carregava o véu de estrelas em sua boca se tornou uma ruína de templos amaldiçoados, e no escuro desse vazio, todo o cosmo perdeu os astros que brilhavam, o céu não tem mais corpos celestes, não podemos retornar lá nunca mais pra nos unir.

Você se tornou agora a galáxia mais distante que há, ou talvez uma estrela, que aos olhos de todos parecem serem vizinhas, mas na verdade a distância de uma a outra equivale uma eternidade.

Ao menos agora você me deu de presente um coração quebrado que sangram versos, medos e reflexões, que extrai da minha alma, doces e amargas palavras de uma aprendiz que escolheu como mestre a pessoa errada.
Marianne

Uma vez passeávamos pelo corredor e eu te contei um sonho, contei-lhe sobre a maravilha da natureza feminina, contei-lhe também o quanto admirava pessoas que conseguiam ter em seu espírito as duas essências, feminina e masculina. Te dei tantas oportunidades para me contar a verdade, mas você com toda sua sabedoria falhou como um tolo, não entende que esconder uma verdade é o mesmo que mentir?

Eu confiava a minha alma a você, você nem se quer confiou um fio de cabelo á mim!

Aquela imagem de diamante que eu tinha feito de você se quebrou, não tem como juntar mais os farelos... Você era o exemplo que eu seguia, era o rio que Narciso debruçava-se, você era uma espécie de deus-homem, você era meu ideal de pessoa, o ideal que eu seguia como aprendiz, como eu queria ser, mas e agora? Agora não enxergo mais toda aquela ética e moral que você refletia em mim, conheço o mundo que você está, sei que é um mundo que não há mudança, eu conheci um tipo de pessoa e descobri outro tipo que você esconde ser. Você era um espelho que eu me enxergava.

Você só mostrou a mim o que queria que eu visse em você e não o que você realmente era. Realmente, estava certo quem falou, que as maiores decepções vêem das pessoas que mais gostamos... Não estou chateada por uma escolha que você fez muito antes de me conhecer, estou chateada por saber que a confiança da nossa amizade nunca foi mútua.
Marianne

Quando vi você pela primeira vez, uma claridade iluminou toda a sala, meus olhos ficaram cegos e eu não entendia bem por que. Sempre te tratei com se fosse um tipo de divindade, você absolvia minhas dores e minhas inseguranças, você acreditou em mim sem conhecer a minha covardia.

Mas agora entre nuvens negras e uma forte chuva que escorre por minha face, cria entre nós um oceano violento que nos separa, descobri que anjos não têm sexo, descobri que anjos podem voar com outros anjos, eu não tenho asas, e isso faz eu reconhecer o quanto odeio a forma que tenho como ser humano, talvez se eu fosse o oposto do que sou, você voaria comigo, acariciaria minhas asas e eu as suas, mas eu não tenho asas que te faz entrar em êxtase...

Você era perfeito demais e mesmo agora, sabendo de toda a verdade, ainda continua sendo.

Entre nós há um abismo, você possui asas para passar por ele e vir até mim, mas não vem. Eu tentei pular esse abismo que nos divide, mas eu cai nele e você não notou.

Sinto raiva dessa pele que me divide de você toda vez que corro atrás de você para ver seu rosto angelical, embora suas ações sejam tão diabólicas. Você se parecia muito com Dorian Gray, e eu me vejo como uma pintora idiota desenhando a sua beleza para te eternizar, para te possuir, ao menos no meu mundo das idéias.

E agora a única coisa que sinto que posso fazer é criar minhas asas de ceras, e voar perto de você - o sol que me ilumina - pois não me importo se minhas asas falsas sejam derretidas pelo seu calor, de qualquer maneira estarei sempre me afogando nesse oceano dos meus olhos.

Se Deus fosse sábio ele criaria somente um sexo, assim não haveria paredes entre as paixões, e nem dois caminhos a seguir.

Eu pude jurar que uma vez você suspirou por mim, mas era apenas uma sombra da realidade...

Eu não pedi para nascer mulher...
Marianne

O Amor é um dom, os homens fazem dele uma maldição!
Marianne
Certa vez li um poema de um poeta de Cunha, tinha um trecho que falava o seguinte: “O amor não é tudo - você disse...”/ Então o que é o nada?

Com poucas palavras ele soube falar muito. Cada vez que caminho pelas mesmas ruas na companhia de novas pessoas, noto que as ruas jamais irão mudar, não importa com quantas pessoas eu passe por elas. “O amor não existe”, me falaram uma vez, então o que existe? Se o amor não é tudo, ele deve ser o nada, mas se ele é nada, de certa forma ele é um tudo, o tudo que é vazio e ausente talvez, pois se o tudo não houvesse, como haveria a consciência do nada?

A minha solidão talvez irrite as pessoas, elas me tratam como se essa minha solidão fosse um câncer do qual eu não quero me curar. Mas a minha escolha está feita por uma profunda reflexão, as pessoas não amam o objeto do amor em si, porque elas não enxergam esse objeto, elas amam o desejo, o prazer, as vontades que esse objeto lhes proporcionam, mas o ser em si nunca é visto, é inalcançável, eles sabem que ali há algo, há um objeto que manifesta sentimentos neles, mas apenas pela sensibilidade, amam pela busca de prazeres que nunca são satisfeitos e por isso ficam aprisionados dentro desse ciclo infinito, trocando de objetos como trocam de roupas.

Ás vezes encontramos uma pessoa que se diferencia de outras, sabe aquela que te dá atenção mesmo estando atrasada para um compromisso, aquela pessoa que sorri quando te vê, que te ajuda quando você não é capaz de fazer isso, aquela pessoa que encontra o seu eu perdido e traz de volta para você? Aquela pessoa que você sente vontade de ver sempre, aquela pessoa que você passa pensando nela e sobre a vida dela a cada segundo do relógio sem se dar conta disso? Mas quando você se dá conta disso, então começa o problema, você descobre que está amando, e o desespero começa, a especulação em busca de informações sobre essa pessoa começa, e cada dia é uma angustia que acorda, repousa nos sonhos e volta com o sol. Você chora e não sabe bem o motivo, até que descobre que essa pessoa já tem alguém por quem ela vive da mesma maneira que você está vivendo, mas de uma forma diferente, o amor é mútuo.

E então um grande vazio se abre na alma, e você corre para um lugar aonde ninguém possa ver seus olhos, você senta na sarjeta e uma sombra vem ao seu lado e te diz: - Olá amiga, posso te fazer companhia?. Ela pergunta seu nome e totalmente culta fala: - Prazer, meu nome é Solidão.

Você encontra uma amiga que veio até você, ela não preenche seu vazio, ela é sábia, ela diz que o vazio nunca será preenchido, mas ela te ensina a aceitá-lo e as coisas se tornam mais toleráveis.

Drummond observou uma mulher e sua solidão, não como se fosse uma doença... Escreveu sobre ela:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

A solidão é a serpente do paraíso que me seduz se contornando entre as folhas da arvore do conhecimento, enquanto eu não comer todas as maçãs, não procurarei para mim nenhum Adão a não ser que este já tenha experimentado o fruto proibido do conhecimento antes de mim....
Marianne

Para você "Sr." MK.
Marianne

Nietzsche. A Gaia da Ciência - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

(Se fosse você meu caro amigo, atravessarias essa passarela em minha direção ou se calaria?)
01/dez - Não, você não atravessou também, você se calou...



Marianne

O VENENO ESTAVA NA FERIDA E A FERIDA NÃO CICATRIZAVA...
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Marianne

O destino de todo ser humano é ser sozinho, não há um ser acompanhado, pois cada ser ocupa-se de si mesmo, não há espaço em si para um outro ser.
Aquele que abandona é sozinho em si;
Aquele que é abandonado é sozinho em si;
Quando morremos, vamos sozinhos, isto é, SE vamos realmente para algum lugar...
Marianne

Vídeo de apresentação sobre o livro de Jules Michelet - A Feiticeira; aula de História Medieval, do dia 24/11/2009, Filosofia 2S2009 - UNIMEP.
Marianne
A vida é um ambiente que foge da razão e do nosso saber. Dentro desse ambiente as conquistas e as perdas não são conseqüências, e sim acidentes. “Acidentes” no conceito de que não houve previsão para determinada ocasião que ocorreu, ou seja, como algo inevitável e imprevisível.

Como uma moeda, há sempre dois lados que nunca se separarão, e sempre ficamos de joelhos em um único lado, pois não há maneira de estar dos dois lados, pois quando se está de um lado, não se está no outro lado. Não há fuga, ou adaptamos nosso emocional ao lado que caímos, ou independente de nossa reação, mesmo que, nos tornemos neuróticos pela não-aceitação do lado da moeda que estamos, supostamente do lado de perdas, estamos já adaptados nele, pois estamos perdendo, seja como for ou o que for.

Cada pessoa é livre dentro de si mesmo, basta criar consciência disso e usufruir das boas coisas, mas no seu exterior, tal liberdade é limitada.

Amigos são conquistas, amores são milagres, muitos vêm e muitos se vão, poucos ficam, metade dos motivos para amigos e amores ficarem dependem de nós, a outra metade depende deles, por isso não devemos assumir uma culpa que não é nossa, pessoas erram com nós e mesmo assim tentamos santifica-las para não perder a boa imagem que criamos devido a afeição que tínhamos por elas.

Devagar as células se juntam e formam um corpo na sua naturalidade, na mesma velocidade se destroem, assim é a vida, uma construção, uma destruição, uma reconstrução, agüenta coração sofrer por tantos níveis emocionais assim!

Uma vez me deixaram um verso que falava que, o que a vida quer de nós é coragem. Mas a coragem é o lado oposto da moeda que tem o medo, talvez eu tenha os dois lados em mim, mas a base dos meus pés é sempre única, ou do medo ou da coragem.

Eu diria que a coragem está na ilimitação do meu interior e o medo na limitação do meu exterior, e justamente esse medo sufoca essa coragem.

É preciso ter coragem para dar adeus com tanto medo, e é preciso ter medo para das adeus com tanta coragem, quer queira, quer não, tudo isto que nossos olhos conseguem ver nessa dimensão, cedo ou tarde, irá ir embora, sem chance de retorno. Se isto diz respeito as pessoas, será sempre confortante deixarmos cada pessoa com doces palavras, com intensos sorrisos, com declarações, com resolução de problemas, acumular problemas faz mal a saúde! E não importa o quanto nossa certeza seja absoluta que tornaremos a ver cada uma dessas pessoas.

Não somos capazes de perceber a nós mesmo, sem olhar para o espelho com o nome de outro, só assim somos capazes de “refletir”.
Marianne

O isolamento está se tornando uma das febres mais forte dessa década, assim como as síndromes emocionais. Ser sociável se tornou uma pressão, algo forçado para a sobrevivência, no mesmo cenário, a falha no dique é a apelação as drogas, lícitas ou ilícitas.

Um comprimido nos deixa sociável por quatro horas, nós sorrimos sem forçar, nós choramos sem vergonha, nós participamos de reuniões com pessoas importantíssimas, sentimos que somos capazes de “conquistar o mundo”, mas e depois? Quando o efeito termina, voltamos a estaca zero, ou menos zero, nós nos encaramos e o que encontramos é o oposto do que gostaríamos de encontrar – nós tais como somos.

A dependência surge... E não digo necessariamente das heroínas, das maconhas, das balas e essas drogas da noite, digo dos “inocentes” comprimidos dados nos divãs das quintas-feiras, começa com diazepan, lexotan, de inicio é um comprimido a noite, depois um de dia, outro a noite, logo dois de dia e três a noite, até surgir o efeito oposto do desejado e nessa alienação nos vemos pulando de marcas de calmante e anti-depressivos como macaco pulando de galho em galho, e a cura? Não há cura, e sabe por quê? Porque desespero não é “algo” orgânico, não é uma pancada no joelho roxa que se alivia e tira com gelol, nem aquela dorzinha de cabeça chata que o dorflex “cura”.

O mundo que você poderia conquistar torna-se um inferno!

Já não somos capazes de encarar o outro nos olhos, andar em multidões é o mesmo que mergulhar no fundo do oceano e não conseguir encontrar o topo para respirar... Mas quem não estuda – não trabalha; quem não trabalha – não come, nem bebe; quem não come e nem bebe – não sobrevive!

Estamos dormindo no berço de uma sociedade que nos manipula como máquinas, trabalhamos para ela, esquecemos de viver e apenas existimos com um relógio no peito esperando a pilha acabar, e o pior, desejamos que essa pilha acabe o quanto antes.

É assim que as coisas são... Como uma criança corre para debaixo do cobertor quando ouve um barulho que lhe causa medo a noite, nós, adultos, corremos para o isolamento, já que na tentativa de sermos tão iguais e cópias fisicamente, acabamos por nos tornarmos tão diferentes intelectualmente, que dialogar com o próximo tornou-se a coisa mais difícil a ser feita, e para isso ser possível tomamos leves alucinógenos que mascara nós mesmos e os outros.
Marianne

Estou aqui olhando para a noite
Contanto quantas estrelas brilham como você
Fazendo uma prece para a lua
E sussurrando todos os nossos segredos ao céu
Você sabe, ainda estou congelada em fevereiro,
E as ruínas que você deixou ainda estão intactas

E se eu for atrás de você?
Quantas mentiras novas você irá trazer?
Eu somente queria minha identidade de novo
Da forma que eu tinha antes de você partir
E o que aquela terra tem a mais do que eu?
Uma economia do seu miserável dinheiro?
Me diga... qual é o seu preço?
Então direi se você vale aquilo que você cobra...

Há tantos corações desesperados
Sem uma companhia de estimação
Mas não vou manter em mim
Aquilo que você matou em você
Nem vou chorar as lágrimas
Pois o destino dela não te faz as merecerem

Para sempre te seguindo como sombra
Mais uma adolescência jogada na sarjeta
Mas não vou sentar na noite esperando por seu brilho
A lua é testemunha da nossa insignificância aqui a baixo

Acabou... ao menos sei que você não matará as lembranças
Que criamos juntos como crianças...