Marianne

Sofia tirou a rolha do vidro vermelho e encostou-o cautelosamente nos lábios. O suco tinha um gosto adocicado e estranho. Mas isso não era tudo. Imediatamente, aconteceu algo com o mundo à sua volta: primeiro, foi como se a imagem do lago, da floresta e da cabana se fundissem numa coisa só. Depois pareceu-lhe que tudo o que ela via era apenas uma pessoa e que esta pessoa era ela mesma. Quando finalmente olhou para Alberto, ele também parecia ter se transformado numa parte dela mesma.

- Que coisa estranha - disse ela. - De repente, tudo o que vejo parece estar relacionado. Tenho a sensação de que tudo é apenas uma única consciência.

Alberto concordou com a cabeça, mas Sofia teve a sensação de que era ela mesma quem concordava.
Marianne

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Marianne

Ler rapidamente aquilo que o autor levou anos para pensar é um desrespeito.
É certo que os pensamentos, por vezes, surgem rapidamente, como num relâmpago.
Mas a gravidez foi longa. Há frases que resumem uma vida.
Por isso é preciso ler vagarosamente, prestando atenção nas idéias
que se escondem nos silêncios que há entre as palavras.
Eu gostaria que me lessem assim.
Quer eu escreva como um poeta, no esforço para mostrar a beleza,
ou como palhaço, no esforço para mostrar o ridículo,
é sempre a minha carne que se encontra nas minhas palavras

(Rubem Alves)
Marianne
Hoje recebi um e-mail, achei ótima a reflexão, vou postar aqui:

Coisas que a vida ensina depois dos 40

Amor não se implora, não se pede, não se espera... Amor se vive, ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças acerca de suas ações.
Obrigado, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor.
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...

© Artur da Távola - 1936/2008
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Marianne

Vou montar uma lista dos livros que considero muito bom para o desenvolvimento das reflexões. Reconheço que muitas vezes é difícil adquirir determinados livros e muitas vezes na biblioteca não encontra, sei também que um livro digital jamais substituí o prazer de um livro real, mas para quem se interessa, vou deixar o link de alguns livros para ler no site ou fazer download.


PEQUENO TRATADO DAS GRANDES VIRTUDES (ANDRÉ COMTE-SPONVILLE)

O MUNDO DE SOFIA (JOSTEIN GAARDER)
Filme: Sofhie's World

O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO (JEAN-PAUL SARTRE)

•ÉTICA Á NICÔMACOS (ARISTÓTELES)

•TEMOR E TREMOR (KIERKEGAARD)

•O SER E O NADA (JEAN-PAUL SARTRE)

•O DESESPERO HUMANO - DOENÇA ATÉ A MORTE (KIERKEGAARD)

•O AMOR A SOLIDÃO (ANDRÉ COMTE-SPONVILLE)

•É PRECISO DUVIDAR DE TUDO (KIERKEGAARD)

SANTO AGOSTINHO (COLEÇÃO OS PENSADORES)
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Marianne

No caminho da sorte, a alma perdi
Dei um beijo na morte e sobrevivi
Mas perdi o meu medo,
A viver aprendi

Fiz do mundo o meu palco, do sol minha luz
Pra fazer meu circo usei minha cruz
De um pedaço do céu, fiz as lonas azuis.
Do céu eu fiz as lonas azuis
Do céu eu fiz as lonas azuis.

Aprendi que nem sempre é feliz quem procura
Que a vida mais fácil também é a mais dura
Que a estrada mais curta é também mais escura.

Aprendi na descida, mais forças ganhar
Pra chegar na subida e não desanimar
Sou da vida um artista, ganhei meu lugar.
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Marianne

Quieta, sinto-me como uma planta, sinto-me vegetando sentada em uma cadeira, prisioneira de uma máquina, então sinto que preciso escrever, colocar para fora o que me sufoca por dentro, a angústia, o medo de existir sem ter consciência disso, minha alma de repente parece dar um grito e o eco sai pelos meus olhos, mas ninguém percebe, ninguém consegue ler minha alma, pois meu olhar está morto, morto para esse universo automático que se move sem saber que caminho seguir.

Busco pedaços de motivações, em poemas, frases, auto-ajuda, anestésicos emocionais, que me servem de conformo por 7 minutos, 7 minutos e nada mais que isto, não sou conformada e nem consigo permanecer no conformismo.

Subo e desço minha lista de contatos e não encontro uma única pessoa que consiga ter um diálogo intelectual e decente comigo, procuro na minha caixa de e-mail alguma novidade, encontro sempre as mesmas propagandas, notícias de jornais eletrônicos e o incentivo ao consumismo, e nada, absolutamente nada disso altera meu estado ou me provoca algum tipo de desejo ou sentimento.

Sou como um lago parado que á muito tempo não vibra suas águas.

E como me conheço bem, imprevisível á mim mesma eu sou, de um segundo á outro irei dar um salto para mudar a rotina, um salto que causará um caos, mas logo se tornará outra rotina...

Porque ás vezes eu sinto que estou acorrentada nessa cidade pequena, que não evoluí, sinto-me como uma árvore, pressa ao chão pelas raízes, mas que espera no vento, pois é ele que dá esperanças, que leva suas folhas embora para um lugar que ela nunca estará...

Meus pedaços ás vezes são levados embora e secam em qualquer sarjeta por ai, mas eu, eu ainda estou aqui, como dentro de uma cúpula de vidro que não me deixa escapar, que me impede á voar...

Não quero dar uma conclusão para essa reflexão, deixo estacionado por aqui mesmo.
Marianne

Esse poema me dá arrepios, me emociono toda vez que leio:


Oh Capitão! Meu Capitão!

Oh capitão! Meu capitão! nossa viagem medonha terminou;
O barco venceu todas as tormentas, o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme, o barco raivoso e audaz:

Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,
Caído, frio, morto.

Oh capitão! Meu capitão! erga-se e ouça os sinos;
Levante-se - por você a bandeira dança - por você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas - por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:


Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.

Meu capitão não responde, seus lábios estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco retorna com o almejado prêmio:

Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,
caído, frio, morto.
Marianne


Ele é para mim o Lago.
Eu sou para ele o Narciso.
Marianne

Saudades...
Marianne

O que me fazia temer e tremer aconteceu. A renúncia de uma escolha feita por impulso, por sentimentos, por irracionalidade.

Existem agora dois lados que me doem, uma parte é ter depositado uma partícula importante de tempo em um estudo em que minha alma não se sentia feliz, apenas meu ego, meu orgulho, minha ganância, meu egoísmo, minha vontade irracional de querer agradar aqueles que amo.

E o outro lado, cuja ferida fica, provoca saudade, mas ternura e medo. Embora eu saiba que essas amigas incríveis que conheci no começo desse caminho que me foi incerto, estarão sempre ali, dia após dia devo me conformar que todo fogo termina em cinzas, as memórias ficarão, o sentimento feliz e os risos sempre estarão estampados em meu rosto, quando minha memória ativar uma lembrança. Mas a vida é assim, alguns continuam no mesmo caminho, outros escolhem novos passos, novos cenários.

Minha vida, mais do que nunca, se assume tal como é, uma reflexão, uma análise, uma observação, uma sede existencial, uma sede de saber, conhecer, uma necessidade de ser um indivíduo ético, conhecedor e racional.

Coloco então em uma caixinha de veludo meus planos como gestora de negócios internacionais, tranco-os ali com carinho, junto deles meus amigos e todo esse paraíso que construí ao lado deles.

E então abro um novo caminho, abro meus braços e vou de encontro para minha paixão maior, para aquilo que estudei por conta a vida toda, para aquilo que me trouxe á lógica...

Me dê boas vindas Filosofia!

Agora eu sei que não importa se começamos ou recomeçamos algo tarde demais, enquanto há a possibilidade e a oportunidade de começar ou recomeçar!
Marianne

São tantas coisas passando em minha mente...

Hoje compreendi que fazemos escolhas facilmente e inconsciente pensando nas outras pessoas, não escolhemos por nós, escolhemos por outros... As pessoas não têm raízes, elas se vão e você fica, fica sozinha com a gravidade da escolha feita, então começa a infelicidade.

Nunca imaginei meu futuro atrás de uma mesa de uma grande empresa, rodeada por um mundo financeiro, mas eu me imaginei fazendo isso por um orgulho besta, para chamar atenção de um indivíduo insignificante.

As pessoas mudam, nós mudamos, sentimentos mudam, e a natureza é sempre bondosa, essa força misteriosa que nos envolve parece nunca cansar em trabalhar á nosso favor.

Eu não sinto prazer e motivação em querer saber o que aconteceu á 20 anos atrás em uma rodada da WTO, não quero saber como surgiu o capitalismo, embora no passado isso me atraia muito, hoje volto aos meus sonhos de criança, o desejo profundo de terminar minha vida, como comecei, no meio dos livros pulsa em cada veia do meu corpo, assim escreveu Sartre e eu adotei seu pensar.

Vim ao mundo para escrever, para buscar uma verdade que seja verdadeira para mim, a idéia pela qual eu possa viver e morrer, assim como Kierkegaard buscou.

É hora de mudar de cenário, de ambiente, é hora de virar as páginas, escrever um livro novo. Vou decepcionar muitos pela minha mudança, mas já cansei de decepcionar á mim mesma pra manter a alegria de outrem.

Vou começar um novo caminho, um caminho que a verdadeira Psique irá começar, realmente não esse pseudônimo, mas a pessoa atrás dele, a Mari criativa e dedicada, aquela que admira e é admirada, está na hora de assumir o meu verdadeiro eu e existir pela primeira vez depois de 20 anos.

Existe alguém que olhou para mim e falou “vejo um futuro grandioso em você” – e todo o meu mundo renasceu - alguém enxergou a minha alma pela primeira vez.
Marianne

Visitando alguns blogs, achei um com um texto incrível, me senti no desejo de expor aqui para reler ás vezes, pois me identifiquei com as palavras e me provocou uma nostalgia, não sei o nome do autor(a), mas o blog chama Raízes e Asas - Pulsar, Seguir, Florir. Segue o texto:



MONÓLOGO DE UM SONHO


Pra começar, eu sei o que vão dizer: 'agora ela está bem', 'ela quer que você siga em frente', 'ela te amava muito e não quer te ver desse jeito'.

É, eu sei... Já decorei todas as falas, todas as caras de 'eu não sei o que dizer', todas as posições dos pés e os braços abertos. Eles me acalmam, me confortam, me distraem, mas não é isso que falta e é nessa hora que me encontro só.

O que eu preciso não posso ter. Só as lembranças, doces cheiros, acalentando meu coração, esquentando meu corpo. E é nessa hora, mesmo não querendo, que eu transbordo, por ter de quem sentir saudade, por ter dito adeus rápido demais para alguém que eu amava muito.

Se nós somos duas almas perdidas nadando por aí, posso pensar que vou te encontrar de novo, não posso? E assim, eu posso pensar que neste momento você tá me observando?

Daí eu posso fechar meus olhos, então, e imaginar o seu abraço me apertando, minha cabeça no teu seio, e você rindo dizendo pra eu não chorar mais porque você está comigo. Então eu sorrio, mesmo sendo mentira, eu sorrio, porque eu te vi nos meus pensamentos, porque você esteve do meu lado e você estava tão linda me dizendo pra não chorar.

E aí eu te olho toda vermelha, com cara de choro e digo: 'queria que você estivesse aqui.' Aí você diz que está e eu finjo que acredito, e é nessa hora que você vai embora. Eu abro os olhos e vejo o apartamento vazio, não ouço seus passos, só essa música que me lembra você, só essa saudade que é culpa sua.

A realidade mais chata que um sonhador qualquer poderia encarar. É como estar só, abraçar a solidão e se sentir suave.


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Marianne


O verdadeiro Amor é a Amizade...
Marianne

O tempo passa, mas por ser uma ilusão ele é eterno, embora não exista, todos estão ali amarrados nele, enquanto muitos se vão.

Vejo em algumas casas de comércios, que tem seu antigo dono falecido, conforme os ponteiros dos relógios seguem em círculos, pessoas antigas vêm perguntar sobre determinadas pessoas que aqui não jaz mais, e quando sabem da notícia são invadidas por um sentimento de saudade, lamentação e arrependimento por não terem vindo antes fazer uma visita, mas logo se consolam “mais um amigo se foi, logo será eu”...

E eles continuam ali andando no círculo do relógio, esperando a morte vim roubar-lhes um beijo, roubar-lhes a vida. Como um enamorado que rouba um coração de uma jovem e depois desaparece.

Porque parece que somos uma bateria que a qualquer momento terá sua energia acabada e seremos assim jogados fora?

O mundo, embora seja um inferno vivo e presente, é um lugar do qual não desejo sair tão cedo, mesmo que tenhamos que viver em grupos escondidos, mesmo que tenhamos que esconder nossas verdades daqueles que querem possuir tudo ao redor, é um lugar com muitas coisas para se conhecer...

Mas o tempo, como fugir disso? Ele pode não suceder á mim, mas sucederá naqueles que gosto, naqueles que não tem o grande segredo em si revelado...

Depois de termos vistos muitos companheiros do passado serem amarrados, mortos, pelo nosso saber, somos obrigados e arrastados á viver de uma vez por todas ao individualismo intensivo.