Marianne

Você tem que ser você
Não há quem possa te substituir
Por isso, não seque, flor única!

Quase nunca recebe a luz
Você é como uma flor que nasceu
E que se abriu nas sombras
Enraizada e imobilizada em um lugar não desejado

Desabafe os sentimentos que tentou ocultar

Aguentarei tudo, até as dores e os sofrimentos
Por isso não chore, Flor única

Ainda é cedo para secar
Quero ver você de novo com seu jeito ingênuo

Quero dar força para você

Mesmo que eu me torne inimiga
De todo o resto do mundo vou proteger você até o fim

Você deve perceber que não há outro
Você deve perceber que não há próxima vez
Você deve perceber que não há outro
Você deve perceber que não há próxima vez
Você Devia ter percebido que
Percebibo que não há outro

Você tem que ser você
Antes, agora e daqui pra frente
Mesmo que eu me torne inimiga do mundo todo
Vou proteger você até o fim por isso,
não seja derrotada, Flor única

Você deve perceber que não há outro
Você deve perceber que não há próxima vez
Você deve perceber que não há outro
Você deve perceber que não há próxima vez
Deve perceber que...
Deve perceber que não há outro
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Marianne
A noite está esfriando, sinto minha respiração acelerar e o ar branco sai da minha boca, pensamentos percorrem o vazio deixado, de alguém que ficou para alguém que se foi, você sabe que eu poderia usar tudo isso...

Então o seu silêncio faz barulho novamente, quando acordo não ouço seus pés saírem em silêncio do quarto para não me acordar, e a noite não ouço mais o som do seu sorriso brincando comigo, me fazendo dormir como quem canta uma canção de ninar... Estou tentando, estou querendo ser forte como você, mas é difícil amor, é difícil, isso não é como uma simples escolha, é um sentir livre e obrigatório ao mesmo tempo...

Queria saber como você tem sido depois de tanto tempo, relacionamentos nunca foi o seu forte e eu adoro saber que você se saiu mal, por puro egoísmo meu, estou tentando mesmo sabendo que você deixou de tentar. Nas colunas de pedras e nas curvas de cada rua ouço seu sorriso silencioso, como um vinho amargo secando a língua sinto a ausência do seu beijo... Você tentou algo por nós alguma vez?

E eu espero que você tenha tentado, eu espero que tenha conseguido, conseguido esquecer de tudo o que aconteceu e da vida que você foi mestre em destruir...
Marianne

Éramos tão íntimos, tão cúmplices e hoje somos dois estranhos um ao outro. Eu tentei levar no estilo de vida e todo sentimento que o rodeava até o nosso limite e então o limite foi alcançado e tive que aceitar suas mãos deslizando das minhas costas após ter dado o último abraço de adeus.

Já se passaram alguns anos desde então e eu não sei lhe dizer como me sinto sobre isso, é uma espécie de falta e de um orgulho ferido talvez, mas resumindo tudo eu me sinto tão insignificante quando relembro tudo o que vivemos, fui insuficiente...

Você sorria como um anjo, sua pele era de marfim e seu sorriso de perolas brancas que brilhavam me deixando apaixonada a cada dia, sua perfeição era tudo o que eu não podia ter, mas eu pude tocar.

Eu te ofendi porque queria que você me odiasse, mas foi tudo da boca pra fora, porque eu ainda te amo e não quero o seu ódio, quero o seu amor pra mim. Ninguém entende bem o que sinto, nem eu mesma entendo, mas tenho uma certeza: se você estralar os dedos estarei de joelhos aos seus pés!

Você me completava e sabia disso, e sem você estou incompleta. Queria poder falar como percebi o quão especial você era, o quão único e o quão importante você foi e ainda é na minha vida. Queria que você me falasse se há alguma maneira de parar esse sentimento que sinto por você, pois ele não me deixa ser nada além do que uma sombra que fica deitada aos seus pés.

Eu ainda te amo e não queria sentir mais isso, você era a idealização perfeita e materializada que surgiu, eu te desenhei e te dei vida, porque me deixaste ir embora tão fácil?

Queria que você lembrasse dessas coisas... nem que fosse por um minuto...
Marianne

Já abraçou alguém tão forte como se abrir os braços fosse perdê-lo para sempre? Você o perdeu, não é mesmo? Sei como é sentir, pois sou toda sentir e o pior disso é sentir a ausência.
Sua vida é considerada perfeita, afinal você está inteiro, nada te falta, você não passa sede nem fome, mas passa ausência. Ausência é a pior doença para os literalmente perfeitos. A ausência corroeu uma parte sua que não tem como tocar, é da parte do sublime, do intocável!
Quantas coisas poderiam caber nesse vazio, mas esse vazio só anseia por uma única coisa: a presença de um amor que você muito amou e partiu para longe.
Lembro que fui atingida por um punhal quando percebi ele expressar o seu objetivo de vida: dinheiro sempre, amor nunca.
Sabe eu gostaria de ter sofrido algo mais normal, mais clichê, como ser traída, ou brigar, dizer algo e terminar, mas não ver alguém terminando contigo na certeza de que ainda te amava... e por dinheiro.
Se eu pudesse vê-lo uma ultima vez, sem sombra de duvidas eu perguntaria se ele me amou, só queria ter certeza disso, isso seria o suficiente pra retirar toda essa amargura. Pode ser inocente, mas saber coisas simples como essa é que faz a vida girar... amar ou não amar, ser amado ou não ser...
Ainda há tanta ausência, eu amei uma pessoa que tinha uma presença muito intensa, talvez seja por isso que sou mais uma entre tantas que chora a dor da ausência.
Marianne

Sem você o silêncio é o maior barulho
Sem você escondo o rosto de lágrimas pra ninguém ver
Sem você a ira se torna mestra
Sem você não sei nem o que escrever
Sem você tudo é tão cinza
Sem você me sinto muito fria
Sem você as canções são ridículas
Sem você sou algo vazio
Sem você sou total sem sentido
Sem você, estou sem você...
Marianne

Quando você partir leve tudo
Leve suas malas e leve as memórias que você criou em mim
Leve embora os sonhos e o seu sorriso de marfim
Não me faça sentir que a todo tempo abracei uma sombra
Eu estou te olhando partir e não tenho forças para dizer
Queria tanto que você ficasse
Queria tanto ter ido junto
Oh pequena criança quando você irá crescer?
Eu teria ido tão longe e mais um pouco por você
E no cavalgar desse som sinto a sua respiração
Sinto seus dedos tocarem nas cordas do violão
Oh pequena criança, quando se tornará um verdadeiro adulto?

O outono esteve sozinho sem você
Ele secou aquela verde árvore que você me roubou um beijo apaixonado
Me sinto tão só, tão fria e vazia
O que você possuía pra ter rompido minha vida dessa maneira

Frustração, obsessão e histeria, coisas do amor...
Você foi embora e esqueceu tanto de ti em mim
Da próxima vez que se for não deixa as portas abertas
O frio está me congelando
Congelando esse amor
Congelando essa juventude que pede pra ser vivida...

Porque você fez com que eu preferisse estar sozinha?
Marianne

Oh Sherrie - Steve Perry

Você deveria ter ido
Sabendo como eu lhe fiz sentir
E eu deveria ter partido
Depois de suas palavras de aço
Oh eu deveria ter sido um sonhador
E eu deveria ter sido outra pessoa
E nós deveríamos ter terminado

Oh Sherrie, nosso amor,
Espera, espera
Oh Sherrie, nosso amor,
Espera, espera

Mas eu quero deixar pra lá
Você irá em me ferir
Você seria só melhor sozinha
Se eu não sou o que você pensava que seria

Mas você sabe que há uma febre
Oh que você nunca achará em nenhuma outra parte
Não para de queimar sem parar

(Refrão)

Mas eu deveria ter partido
Há muito tempo, para bem longe
E você deveria ter ido
Agora eu sei por que você fica
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Marianne

Você é o melhor jogador em questão de manipulações
Você se sentiu mais aliviado quando encontrou outra pessoa pra carregar sua culpa?
Foi mais fácil jogar a responsabilidade nas pessoas mais próximas de mim?
A intenção era para que eu me distraísse dos seus erros
Você teve uma tarde para corrigir todos os erros
Mas você não corrigiu...
Eu ainda estou tão magoada
Parece que foi ontem
Eu preferia que tivesse me traído
Que tivesse falado o nome de outra pessoa ao me beijar
Eu preferia ter um fim mais plebeu
Não uma despedida sem motivos construtivos
E ainda assim você me pede pra continuar
Você me abraça depois me deixa de joelhos a chorar...
Tivemos alguns meses para ser feliz
Mas eu não lembro o que estávamos fazendo
Só tenho a certeza de que ser feliz não era...
Eu fico remoendo o passado
Como alguém tentando tirar um espinho dos dedos
E eu me questiono onde foi que eu errei contigo
Eu era tão perfeita, tão submissa, tão dedicada
Talvez eu fosse boa demais pra você
Talvez os relacionamentos devam ter um pouco de ira
Será que eu falei muito?
Ou foi o meu silêncio que estragou o pouco que tínhamos?
E agora longe de mim?
Você se sente realizado?
Você não me falou que estava feliz depois de tantos anos afastados...
Marianne

Ao meu redor vejo as mesmas pessoas
Elas estão desgastadas como fotos de décadas passadas
Todas elas estão datadas e observadas por alguém
Cada foto é uma memória
Cada pessoa é o motivo da memória
Crianças brincam sem questionarem sobre a existência
Adultos trabalham sem questionarem sobre a vivência
Ninguém parece ter a resposta para tudo
Mas todos deveriam ter ao menos a pergunta para tudo
Só irão pensar o tanto que viveram quando ouvirem “feliz aniversário”
É o único dia que as pessoas conseguem voltar a si mesmas
Eu sei que sempre falo demais
Mas quando foi o momento que passamos a agir como se ser uma pessoa ruim é melhor que ser uma pessoa boa?
Fomos traídos? Fomos usados? Fomos magoados?
Se machuco meus dedos o sangue corre por minhas digitais
Como se corressem por um labirinto sem destino
E é assim que nós estamos nos sentindo
Sem destino, aprisionados num labirinto que está na palma de nossas mãos
Marianne

As coisas não estão melhores
Eu deixei que seus lábios sangrassem?
Eu senti o leve gosto de ferrugem em seu beijo
Embora eu tenha degustado de um doce mel
Está tarde para entender porque agimos indiferentes
Se naquele instante tudo parecia ser bem vindo
Houve alguma espécie de redenção pela traição?
Ou uma consciência que começara a penar em ti?

Você está me ignorando ou eu que estou fazendo isso?
Estamos com medo de dizer que não nos queremos mais?
Porque os relacionamentos são tão devastadores?
Alguns dizem que amam seus parceiros
Enquanto os pensamentos estão em outra?

Está tarde para arrumar as lacunas do amor?
Está tarde para cantar uma última música?
Se vocês amam tanto seus amantes
Porque os traem sem o mínimo de consciência?
Marianne

E nesse quarto escuro me encontro mais uma vez reprimida
Isolada com um vinho barato e um cigarro podre
Minhas unhas estão roxas de frio não quero sair daqui
Mas lá fora todos estão se divertindo e me chamando
E eu sempre invento novas desculpas pra me isolar cada vez mais
Teria eu me acostumado com a solidão?
Teria eu criado uma rotina viciosa?
Queria só ter certeza se lá fora está menos chato do que aqui dentro...
Marianne

Perdi meus amores
Como um galho espinhoso perde suas rosas
Perdi meus amores
Como Ícaro perdeu suas asas de cera
Perdi meus amores
Como o demônio perdeu os céus
Perdi meus amores
Perdi tudo o que sou

Eles estão rindo e eu não sei a graça
Talvez seja um segredo entre dois
Os amantes são tão infantis
Os amantes refletem a minha solidão juvenil

Perdi meus amigos
Como os olhos perdem suas lágrimas
[elas jamais retornam]
Perdi meus amores
Como um bem-te-vi perdendo o seu canto
Perdi meus amores
Quando perdi você.
Marianne

Sinto como se um fenômeno estivesse acontecendo e a minha percepção está deixando-o passar. Todas aquelas pessoas ali que deixaram seus passos na minha história, angustiavam-se pelo mesmo motivo: o retrato congelado de um ser entre as flores. Talvez seja assim, quando caminhamos, dependendo da profundidade da pegada deixada, fica a saudade de alguém presente, mas com sua alma ausente.

Então é assim, de que vale o corpo se a consciência vai se propagando no ar, como bolhas de sabão das quais não podemos segurar? De que vale a existência? A vida mal conclui de dar uma martelada em nossos dedos e antes que a dor passe, ela volta novamente a descer o martelo... Nunca escapamos. Será que nos adaptamos com a dor?

Os passos se aproximavam como que queria afastar e se afastava como quisesse se aproximar; tão contraditória é a vida humana! Aquele momento de tristeza deveria ser sentido até sua última dose, até as lágrimas cessarem, até ter a certeza que foi possível retirar as mãos depois da martelada que quebrou todos os dedos...

Todo luto é eterno.

O sinos dobram mais uma noite por alguém.
Marianne

Por que tenho saudades
de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E por que um simples retrato,
mais que você, me comove,
se você mesma está presente?
Talvez por que o retrato,
já sem o enfeite das palavras,
tenha um ar de lembrança.
Talvez por que o retrato
(exato, embora malicioso)
revele algo de criança
como, no fundo da água,
(um coral e, repouso).
Talvez pela idéia de ausêcia
que o seu retrato faz surgir
colocado entre nós dois
(como um ramo de hortência).
Talvez porque o seu retrato,
embora eu me torne oblíquo,
me olha sempre de frente
(amorosamente).
Talvez porque o seu retrato
mais se parece com você
do que você mesma (ingrato).
Talvez porque, no seu retrato,
você está imóvel (sem respiração...)
Talvez porque todo retrato
é uma retratação...

Cassiano Ricardo
Marianne
 
(...)

   Seus pais fizeram isso em nome do amor, embora, talvez a grande maioria nunca o tenha conhecido, não tenha fluído nele. Conhecem posse, ciúmes, poder, domínio, escravidão, mas não amor. Dizem e acreditam que amam a criança, mas o que realmente estão fazendo é injetando conhecimentos cheios de medo, prevenção e insegurança, transmitidos de geração em geração. Pouco a pouco, ensinam a criança a ser outra, a se parecer com as outras, e ela não tem outra alternativa senão fingir; então, começa a agir com hipocrisia. Com o passar dos anos, esse comportamento se transforma em um hábito inconsciente. Algum dia, alguém lhe dirá: “Por que está triste? Por que não sorri mais como antes?”. Que ironia! Se semeia limão, como quer colher laranja?

    A única certeza é que, para satisfazer os outros, a criança aprende a sutil arte da manipulação. Torna-se calculista, fria e rígida, e sua essência, que era amor, começa a se deteriorar, vai adormecendo; o medo começa a reinar em sua vida.
   
   Então, pergunto: que tipo de educação estamos recebendo e dando a nossos filhos? Ensinam-nos que a etiqueta, os “bons modos” e a suposta cultura projetada por meio das máscaras sociais da hipocrisia, que busca poder, aprovação, prestígio e reconhecimento, é o caminho para vencer. Então... onde fica a essência do ser humano?

Obra: Eu te amo mas sou feliz sem você.
Autor: Jaime Jaramillo
Editora: Academia
Tradução: Sandra Martha Dolinsky