Marianne
Escrevendo uma carta, ops, um e-mail para um amigo, encontrei um belo texto formulado com várias frases que achei muito bonito...


Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto". O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração os quais sozinhos jamais poderíamos enxergar. O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!" Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha. Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las. Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois... Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras... Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira. A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos... ou não.

por Padre Fabio de Melo.
Marianne

Estamos dentro de um jogo, mas não somos as peças, somos as mãos que controla as peças, o objetivo é fazer dos jogadores peças em suas mãos, o descuido fará com que você seja peças nas mãos dos outros.

Não há boas intenções atrás de palavras aveludadas demais, assim como não há rosas aveludadas sem espinhos; desconfie sempre de todos os elogios, quando alguém diz muito o que você quer ouvir, é porque nunca sabem o que dizer ou porque estão tentando jogar contigo.

Aceite as criticas sobre sua ignorância, aceite todas elas, ao reconhecer-se como um ignorante busque o conhecimento, mas esse conhecimento não está na quantidade de livros que você lê, e sim no quão frio você é capaz de ser para não deixar cair por falsas palavras, por cenas de dramas e por indivíduos que encenam papeis de vitima diante da própria escolha feita.

Seja silencioso, não fale nada, não revele nunca as coisas que você sabe, se faça de tolo, represente, você está na sociedade do espetáculo, só receberá aplausos se atuar bem, e a atuação de um ator depende do quão falso ele consegue ser no palco, mas cuidado, esse teatro poderá também enganar você.

Jogue, mas jogue para vencer, jogue também o que não te convém, a sobrevivência social chega á um ponto em que você tem que saber se mascarar e reconhecer as máscaras que os outros estão usando, finja que acredita nessas máscaras... Se os humanos fossem bons, não precisaria do fator morte para evitar o acumulo dessa raça contaminada.

Nunca vire a página - compre um livro novo e recomeçe sua história com um conto que valha á pena!
Marianne
Seria totalmente "estranho" se deixassem Tokio Hotel fora da trilha sonora do filme de Tim Burton. Gostei muito da música junto com Kerli Kõiv, vou deixar a letra aqui pra guardar essa época, já que vivo relendo as coisas que guardo aqui.

Tokio Hotel (feat.Kerli Kõiv)- Strange

[Bill]:
uma aberração da natureza
presa na realidade
eu não me adapto à imagem
eu não sou o que você queria que eu fosse
me desculpe

[Bill e Kerli]:
sob o radar
fora do sistema
pego no centro das atenções
essa é a minha existência

você quer que eu mude
mas tudo o que eu sinto é estranho

estranho
no seu mundo perfeito
tão estranho, estranho
eu me sinto tão absurdo nessa vida
não se aproxime
nos meus braços
para sempre você será estranha
estranha

[Kerli]:
você quer me consertar
me empurrar
pra dentro da sua fantasia
você tenta me pegar
me vender
sua personalidade

[Bill e Kerli]:
você tenta me deixar
eu não melhoro
o que está te fazendo feliz
está me deixando mais triste

na sua prisão dourada
tudo o que eu sinto é estranho

estranho
no seu mundo perfeito
tão estranho, estranho
eu me sinto tão absurdo nessa vida
não se aproxime
nos meus braços
para sempre você será estranha
estranha

como eu
estranho
quando você me toca
estranho
quando você me mata
estranho
Tudo o que sinto é estranho

[Bill]:
nos meus sonhos estaremos juntos

[Kerli]:
Estranho
Estranho
No seu mundo perfeito

[Bill e Kerli]:
Estranho
Eu sou tão estranho
Estranho
Eu sou tão estranho
Estranho
Estranho

No seu mundo perfeito
Tão estranho, estranho
Sinto-me tão absurdo nessa vida
Não aproxime-se (Mais devagar)
Nos meus braços
Você será sempre estranha
Estranha

Marianne
Os Outros

“O inferno são os outros” – Jean Paul Sartre

Os outros não entendem.
Os outros não colaboram.
Os outros ganham na loteria.
Os outros perdem o irmão num acidente.
Os outros pegam lepra, leishmaniose, peste, bico-de-papagaio, hemorróidas, câncer, gripe espanhola.
Os outros têm histórias para contar.
Os outros dormem no ponto.
Os outros moram em favelas.
Os outros vacilam.
Os outros são seqüestrados, torturados e assassinados.
Os outros não sabem de nada.
Os outros são presos injustamente.
Os outros são viciados em remédios, coca-cola e café expresso.
Os outros não se entendem.
Os outros moram em mansões.
Os outros são cheios de manias.
Os outros são babacas, otários e arrogantes.
Os outros não têm limites.
Os outros são pegos em flagrante.
Os outros mentem muito.
Os outros esquecem.
Os outros vão para os Estados Unidos de férias.
Os outros tiram férias.
Os outros são os Estados Unidos.
Os outros são ingênuos e tropeçam na rua.
Os outros se jogam do viaduto e do décimo-nono andar.
Os outros não são de confiança.
Os outros fazem fila no hospital.
Os outros sabem mecânica quântica e lógica paraconsistente.
Os outros cantam e dançam.
Os outros não perdem por esperar.
Os outros fazem dívidas.
Os outros não sabem o que querem.
Os outros têm vergonha e verrugas.
Os outros saem no jornal.
Os outros não são de nada.
Os outros perdem a hora.
Os outros comem mortadela com sorvete escondido.
Os outros não têm o que comer.
Os outros ficam tão bonitos com suas roupas caras.
Os outros são feios.
Os outros trabalham para nós.
Os outros perdem.
Os outros são cafonas.
Os outros fazem regime e ginástica.
Os outros são cultos.
Os outros só lêem orelha.
Os outros não sabem de nada.
Os outros não nos entendem.
Os outros enganam.
Os outros exploram.
Os outros desamam.
Os outros desaparecem.
Os outros deixam a casa bagunçada.
Os outros têm obrigação.
Os outros jamais vão dormir sem lavar a louça.
Os outros gostam de pornografia.
Os outros são ladrões, desonestos e pão-duros.
Os outros são cretinos.
Os outros esnobam.
Os outros traem.
Os outros desconfiam.
Os outros não dão explicações.
Os outros esquecem.
Os outros falam a verdade quando dão entrevistas.
Os outros dão entrevistas.
Os outros ficam velhos.
Os outros têm com quem comentar o filme.
Os outros estrelam os filmes.
Os outros querem assim.
Os outros são de Lua.
Os outros tomam Sol.
Os outros são teimosos.
Os outros morrem na guerra.
Os outros morrem.
Os outros são neuróticos, histéricos, obsessivos, possessivos e psicóticos.
Os outros passam nos concursos.
Os outros perdem tudo no jogo.
Os outros são certinhos.
Os outros choram de barriga cheia.
Os outros decidem.
Os outros falam mal da gente.
Os outros fazem de propósito.
Os outros são vítimas.
Os outros fazem de conta.
Os outros pedem esmola.
Os outros ficam paraplégicos.
Os outros são pegos pelo fisco.
Os outros têm mau-hálito.
Os outros nem sonham.
Os outros são paranóicos.
Os outros são preguiçosos.
Os outros não estão tão tristes assim.
Os outros vão levando.
Os outros estão muito pior.
Os outros não têm motivo.
Os outros não estão nem aí.
Os outros fazem tudo escondido.
Os outros nem desconfiam.
Os outros não sabem o que fazem.
Os outros é que são felizes.
Os outros não trabalham.
Os outros são tarados, perversos e serial killers.
Os outros não compram a prestação.
Os outros são um bando de incompetentes.
Os outros dirigem muito mal.
Os outros furam fila.
Os outros vivem histórias de novela.
Os outros vêem novela.
Os outros ainda têm tempo pela frente.
Os outros, no fundo, são bons.
Os outros são tão infantis.
Os outros vão dormir sem tomar banho.
Os outros não prestam.
Os outros dão um duro danado.
Os outros são chatos.
Os outros são todos iguais.
Os outros não sabem dar valor.
Os outros, sim, é que sabem viver.
Os outros são egoístas.
Os outros nos perseguem.
Os outros são diferentes.
Os outros são uns ingratos.
Os outros não guardam segredo.
Os outros fazem promessas, jogam búzios e acreditam em milagres.
Os outros só querem aparecer.
Os outros desaparecem quando se precisa deles.
Os outros vão dormir tarde porque fazem amor.
Os outros vão para o céu.
Os outros são o inferno.
Os outros apanham da vida.
Os outros nunca esquecem.
Os outros são mal amados e acordam cedo.
Os outros são bregas, caipiras e modernos.
Os outros jogam papel na rua.
Os outros soltam a franga.
Os outros têm medo e dormem com a luz acesa.
Os outros não têm coração.
Os outros não fazem nada.
Os outros não tomam providência.
Os outros tomam na cabeça.
Os outros desistem.
Os outros insistem.

PS: Resumindo - os outros são um verdadeiro incômodo!
Marianne

Chegou a hora que nunca existirá
Existiu a hora que nunca chegou
Há uma imagem no fundo da minha xícara de café
Mas não há forma de qualquer coisa que possa se significar
Assim como as nuvens não são algodão doce – são simplesmente nuvens insignificantes

Sempre falam que após a noite escura haverá um dia de luz
Mas a verdade é que após o dia de luz sempre haverá uma noite escura
Ninguém entende mais os contrários
Ás pessoas estão de ponta cabeça girando em uma esfera
Ninguém sabe a sua posição correta quando se vive em uma esfera
Mas pelo fato de seus cabelos não estarem caídos pra cima
Todos pensam que estão de pé e não de ponta-cabeça!

Esse rebanho meio que me enjoa, pois não sou ovelha branca nem negra
Simplesmente não sou uma ovelha como o rebanho exige que seja
Assim como não sou lobo como a matilha se forma
Eu não sou algo que junto de outros algos forma um conjunto de algo
Eu sou somente ser - nada além disso!
Porque eu tropecei nessa via láctea e caí no pior lugar que podia
E me tornei algo que mais odeio ao um redor – um ser humano!
Marianne
Uma música para o fim de um filme.


Portishead
Caixa de Glória
(Glory Box)

Estou tão cansada de brincar
Brincar com esse arco e flecha
Vou dar meu coração embora
Deixarei isto para outras garotas brincarem

Eu fui uma tentação por muito tempo

Sim
Me dê uma razão para amar você
Me dê uma razão para ser... uma mulher
Eu quero apenas ser uma mulher

A partir de agora desacorrentada (livre)
Todos estamos procurando uma imagem diferente
Através desta nova moldura da mente
Milhares de flores poderiam florescer
Sai de perto e nos dê um pouco de espaço, sim

Me dê uma razão para amar você
Me dê uma razão para ser... uma mulher
Eu só quero ser uma mulher

Então não pare de ser um homem
Apenas dê uma olhadinha para outro lado quando você puder
Mostre um pouco de ternura
Não importa se você chorar

Me dê uma razão para amar você
Me dê uma razão para ser... uma mulher
Eu só quero ser uma mulher
Isso é tudo que quero ser, uma mulher

Este é o começo de todo o sempre.

É hora de seguir adiante
Então eu quero ser

Estou tão cansada de brincar
Brincar com esse arco e flecha
Vou dar meu coração embora
Deixar para outras garotas brincarem

Eu fui uma tentação por muito tempo...

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Marianne


"Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você...
A idade vai chegando e, com o passar do tempo, nossas prioridades na vida vão mudando...
A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar...
Mas uma coisa parece estar sempre presente... A busca pela felicidade, com o amor da sua vida.
Desde pequenas ficamos nos perguntando "quando será que vai chegar?" E a cada nova paquera, vez ou outra nos pegamos na dúvida "será que é ele?".
Como diz meu pai: "nessa idade tudo é definitivo", pelo menos a gente sempre achava que era.
Cada namorado era o novo homem da sua vida.
Fazíamos planos, escolhíamos o nome dos filhos, o lugar da lua-de-mel e, de repente...
PLAFT! Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito "do próximo".
Você percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses.
Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, trabalhador, bem resolvido, inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue "imagem e ação" e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando você está de short,camiseta e chinelo.
A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação, já não tem o mesmo valor que tinha antes.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas, mas continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal,que nos complete, e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta... E haja dinheiro para manter a presença em todos os eventos da cidade: churrasco, festinhas, boates na quinta-feira. Sem falar na diversidade, que vai do Forró ao Beatles.
Mas o melhor dessa parte é se divertir com as amigas, rir até doer barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente e curtir o som... Olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, voce vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!"

Mário Quintana

PS: Carol obrigada por me mandar o texto, você é uma grande amiga!
Marianne
Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar pra ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.

Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.

Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?

Fernando Pessoa
Marianne
Certa vez alguém me mandou isso e foi uma das coisas mais lindas que gostei de ter recebido.


Hora Absurda
(Fernando Pessoa)

O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas…
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso…
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso…
Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte…
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto…
Minha ideia de ti é um cadáver que o mar traz à praia…, e entanto
Tu és a tela irreal em que erro em cor a minha arte…
Abre todas as portas e que o vento varra a ideia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões…
Minha alma é uma caverna enchida p'la maré cheia,
E a minha ideia de te sonhar uma caravana de histriões…
Chove ouro baço, mas não no lá-fora… É em mim… Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e toda ela escombros dela…
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora…
No meu céu interior nunca houve uma única estrela…
Hoje o céu é pesado como a ideia de nunca chegar a um porto…
A chuva miúda é vazia… A Hora sabe a ter sido…
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!… Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido…
Todas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias todas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é boa nem má.
Os feixes dos lictores abriram-se à beira dos caminhos…
Os pendões das vitórias medievais nem chegaram às cruzadas…
Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas
E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos…
Ah, como esta hora é velha!… E todas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
De Longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam…
O palácio está em ruínas… Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo… Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudades de si ante aquele lugar-Outono…
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada…
A doida partiu todos os candelabros glabros,
Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas…
E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos candelabros…
E que querem ao lado aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?…
Porque me afligo e me enfermo?… Deitam-se nuas ao luar
Todas as ninfas… Veio o sol e já tinham partido…
O teu silêncio que me embala é a ideia de naufragar,
E a ideia de a tua voz soar a lira de um Apolo fingido…
Já não há caudas de pavões todas olhos nos jardins de outrora…
As próprias sombras estão mais tristes… ainda
Há rastos de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora
Um como que eco de passos pela alameda que eis finda…
Todos os ocasos fundiram-se na minha alma…
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios…
Secou em teu olhar a ideia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um porto sem navios…


Ergueram-se a um tempo todos os remos… Pelo ouro das searas
Passou uma saudade de não serem o mar… Em frente
Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras…
Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente…
Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
Todas as princesas sentiram o seio oprimido…
Da última janela do castelo só um girassol
Se vê, e o sonhar que há outros pões brumas no nosso sentido…
Sermos, e não sermos mais!… Ó leões nascidos na jaula!…
Repique de sinos para além, no Outro Vale… Perto?…
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula…
Porque não há-de ser o Norte o Sul?… O que está descoberto?…
E eu deliro… de repente pauso no que penso… Fito-te
E o teu silêncio é uma cegueira minha… Fito-te e sonho…
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua ideia sabe à lembrança de um sabor de medonho…
Para que não ter por ti desprezo? Porque não perdê-lo?…
Ah, deixa que eu te ignore… O teu silêncio é um leque -
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque…
Gelaram todas as mãos cruzadas sobre todos os paitos…
Murcharam mais flores do que as que havia no jardim…
O meu amar-te é uma catedral de silêncios eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim…
Alguém vai entrar pela porta… Sente-se o ar a sorrir…
Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgena que tecem…
Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há-de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem…
É preciso destruir o propósito de todas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de todas as terras,
Endireitar à força a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras…
Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!…
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã - como nos desalegra!…
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra…
Suave, como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce…
Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito…
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir é uma flor murcha a meu peito…
Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!…
Ah, se fôssemos as duas cores de uma bandeira de glória!…
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia baptismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro este lema - Vitória!
O que é que me tortura?… Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos…
Não sei… Eu sou um doido que estranha a sua própria alma…
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos…

Marianne


• Não ligo que me olhem da cabeça aos pés.. Porque nunca farão minha cabeça e nunca chegarão aos meus pés.

• Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar... Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado.Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre...

• Uma coisa boa sobre a música é que quando ela bate você não sente dor.

• Ideal seria que todas as pessoas soubessem amar, o tanto que sabem fingir. [It's true!!!]

• As vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... E descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!

• A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la.

• Há pessoas que amam o poder, e outras que tem o poder de amar.

• Sou louco porque vivo em um mundo que não merece minha lucidez.

• Se as coisas foram feitas para serem usadas e as pessoas para serem amadas, porque usamos as pessoas e amamos as coisas?

• Dificil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer.

• Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.

• Escrevo aqui no presente para que no futuro seus olhos possam lembrar de mim, quando sua mente me esquecer.

• Eu sou do tamanho daquilo que sinto, daquilo que vejo e daquilo que faço, não do tamanho que os outros me enxergam.

• Meu lar é sempre onde estou. Meu lar está na minha mente. Meu lar são meus pensamentos.

• Amo a Liberdade por isso deixo as coisas que amo livres, se elas voltarem é porque as conquistei, se não voltarem é porque eu nunca as tive.

• Os homens pensam que possuem uma mente, mas é a mente que os possui.

• Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida... 

PS: Não sei dizer se todas as frases são realmente da autoria de tal, encontrei em um site apenas.
Marianne
Segredos - One Republic


Preciso de outra história
Alguma coisa para desabafar
Minha vida está entediante
Preciso de algo que eu não possa confessar

Até que todas as minhas mangas estejam manchadas de vermelho
De todas as verdades que eu disse
E que vieram honestamente, eu juro
Pensei que você tinha me visto por um instante, não, eu tenho andado à beira de um precipício, então

Diga-me o que quer ouvir
Algo que agradará os seus ouvidos
Cansado de todo ato insincero
Então abrirei mão de todos os meus segredos
Agora
Não preciso de outra mentira perfeita
Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez
Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Meu Deus, é incrível como chegamos a esse ponto
Parece que estávamos tocando todas aquelas estrelas
Cujo condutor eram grandes carros pretos e brilhantes

E todos os dias eu vejo as notícias
Todos os problemas que poderíamos resolver
E quando uma situação aparece
Basta escrevê-la em um álbum
Sentado em linha reta, muito baixo
E eu realmente não goste da minha fluidez, oh, então

[...]

Não há razão
Não há pena
Não há família
Eu estou me consumindo
Não me deixe desaparecer
Eu vou lhe contar tudo

[...]
Diga-me o que quer ouvir
Algo que agradará os seus ouvidos
Cansado de todo ato insincero
Então abrirei mão de todos os meus segredos
Agora
Não preciso de outra mentira perfeita
Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez
Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Desfazendo de todos os meus segredos...

PS: Simplesmente acho essa música bonita
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Marianne
Rocky Jr.: Você é uma sombra grande demais.

Rocky: Você não vai acreditar, mas quando era pequeno cabia aqui (apontando para a palma da sua mão). Quando você era pequeno eu te segurei nas mãos e disse á sua mãe: este vai ser o melhor garoto do mundo. Este garoto vai ser melhor do que qualquer um já conheceu. E você cresceu bonito e maravilhoso. Foi maravilhoso olhar você crescer. Dia a dia era como se fosse um tipo de privilégio. Então veio o tempo de você ser seu próprio homem e tomar o mundo com suas próprias mãos, e você fez isso. Mas em algum lugar do caminho, você mudou. Você deixou de ser você. Você deixou que as pessoas enfiassem o dedo na sua cara e dissessem que você não era bom. E quando as coisas ficaram difíceis, você procurou alguma coisa para culpar, como uma grande sombra. Deixa eu te contar uma coisa eu você já sabe. O mundo não é feito apenas de arco-íris e sóis sorrindo. É um lugar malicioso e injusto, que não se importa o quão durão você é, ele vai te bater até que você caia de joelhos aos seus pés e fique lá para sempre – de joelhos – se você deixar.

Eu, você, ninguém nunca vai bater tão duro e forte como a vida. Mas a vida não é sobre quão forte você bate. A vida é sobre quanta pancada você pode agüentar e ainda assim seguir em frente. Quanto você pode apanhar e ainda assim continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é construída! Bom, agora se você sabe que é digno, então vá lá fora e pegue aquilo que lhe é de direito. Mas você tem estar com muita vontade de conquistar o que deseja e não com o dedo apontado dizendo que não é o que quer ser por causa dele, dela ou daquilo! Covardes fazem isso e você não é um covarde! Você é muito melhor que isso. Eu sempre vou te amar, não importa o que aconteça. Você é meu sangue, você é meu Filho. É a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Mas, até você começar a acreditar em si mesmo, você não vai ser ninguém na vida. E não se esqueça de ir visitar sua mãe.

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Marianne

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mário Quintana
Marianne

Não espereis que, de acordo com o costume dos retóricos vulgares, eu vos dê a minha definição e muito menos a minha divisão. Com efeito, que é definir? É encerrar a idéia de uma coisa nos seus justos limites. E que é dividir? É separar uma coisa em suas diversas partes. Ora, nem uma nem outra me convém. Como poderia limitar-me, quando o meu poder se estende a todo o gênero humano? E, como poderia dividir-me, quando tudo concorre, em geral, para sustentar a minha divindade? Além disso, porque haveria de me pintar como sombra e imagem numa definição quando estou diante dos vossos olhos e me vedes em pessoa? 


O Elogio da Loucura - Erasmo de Roterdã
Marianne


  *.¸¸. O CORVO, A CORUJA BRANCA E A SOLIDÃO .¸¸.*
II


"Sofri uma queda física e me feri dentro da selva, e nesse instante de silêncio em que o chão foi o meu travesseiro mais macio, descobri por mim mesma o quanto dói perder – seja o que for – mas perder faz parte da existência de todos os seres. Visto que mesmo que eu perdesse minhas garras, eu não deixaria de ser a Coruja Branca.

A Solidão veio ao meu encontro, antes de qualquer outra companhia, mas delicadamente ela me falou que ela jamais será capaz de cuidar das minhas feridas, que ela jamais será minha muleta, ela é apenas uma presença ausente de espera, um éter, que nada pode fazer a não ser chegar quando eu chamar, nada além disso, mas todos a tratam como se fosse tão avassaladora e destrutiva... Vi a Solidão com novos olhos e me desesperei, embora senti muita pena dela.

Ninguém gosta de ser considerado - nem pelo outro, nem por si mesmo - como muleta do outro, mas já notou um castelo de cartas? Tradicionalmente, eles são feitos por cartas deitadas e inclinadas, são tão difíceis de montá-los, e tão fácil de destruí-los, os ventos se divertem com isso! Mas não há cartas totalmente de pé... Elas se inclinam para apoiarem uma nas outras, só assim formam o castelo, e mesmo vendo-se como apoio de outra carta, reconhece talvez que também se apóia... Ás vezes nós somos assim também; ás vezes não gostamos de nos sentir muletas para outros não é mesmo? Oras, estou aqui te ajudando, mas não percebe que no meu sorriso também há lágrimas, não notas que no meu carinho há desespero e no meu amor há dor? E então o castelo é desmanchado e tudo parece ser o fim...

Como somos tolinhos em nos ver como o centro do universo! As cartas voaram com o vento, o castelo caiu, mas houve uma mão e nos colocou ali de pé, ou melhor, inclinados, mas estivemos ali! Não importa a forma, a posição, a hierarquia... E o mais fabuloso disso tudo, é que mesmo separando carta por carta, não deixaram de ser carta, apenas deixaram de ser um falso-castelo... Ser o apoio do outro não mudou o que é ser em si o que é realmente... Preciso do outro para ser o que sou, assim como preciso de minhas asas, de minhas penas, de meus bons olhos e minha invejável visão noturna, minhas garras de caça para ser uma coruja, preciso do outro para saber o que sou, preciso do outro para saber que sou diferente do outro, preciso do outro para me erguer quando minha saúde se ausenta, preciso do outro para descobrir que o silêncio da montanha pode ser uma paz, mas também um inferno, preciso do outro para descobrir que o outro precisa de mim...

O que eu temo é aquilo que minha visão hábil não proporciona que eu veja nem de dia nem de noite, o que eu gostaria de ver – as verdadeiras intenções de todos os corações que rodeiam a montanha que guarda uma Coruja Branca e a Solidão.

Afetuosamente,
C.B."
Marianne
"Concordo plenamente com você", disse a Duquesa; "e a moral disso é 'Seja o que você parece ser'... ou, trocando em miúdos, 'Nunca imagine que você mesma não é outra coisa senão o que poderia parecer a outros do que o que você fosse ou poderia ter sido não fosse senão o que você tivesse sido teria parecido a eles ser de outra maneira'."

CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas. - RJ: Jorge Zahar Ed., 2009. (Pág. 106)
Marianne
Não se sabe bem ao certo onde esse conto foi contado, alguns falam que ocorreu no deserto da Espanha, outros afirmam que Espanha era apenas o apelido de uma jovem poetisa que era vazia e silenciosa com um coração deserto, já em outros povos há quem diga que ocorreu em um lugar onde havia muita neve e montanhas, mas no conto o espaço já não tinha importância e sim o tempo...


  *.¸¸. O CORVO, A CORUJA BRANCA E A SOLIDÃO .¸¸.*

 I
 

Havia um corvo selvagem que voava pelos lugares mais perigosos e não sentia medo de nada, o Corvo conversava com os espíritos da selva, do ar e dos mares e eles sempre o orientavam, mas o Corvo sentia que havia um tempo em seu espaço que ele deveria usar, esse tempo foi colocado em uma caixinha e jogado na sua árvore, logo o Corvo deduziu que independente se fosse ou não um presente pra ele, ele deveria abrir.

Então com o tempo em suas mãos, o Corvo voou na montanha para enxergar a selva inteira e ver onde ele usaria esse tempo, por acidente encontrou a Coruja Branca que adivinhava o futuro de qualquer um, a Coruja Branca vivia com a sua amiga Solidão, as duas sempre juntas. A Coruja Branca amava a Sabedoria, mas a Sabedoria morava tão longe dela, que ela tinha que se preparar para uma longa viagem, foi por causa disso que ela fez amizade com a Solidão, pois a Solidão era uma das melhores guia para levar qualquer um á amiga Sabedoria.

No topo da montanha a Coruja Branca sempre recebia a visita dos Ventos que moravam nos quatros cantos do mundo, os Ventos teceram com flocos de neves um lindo vestido para a Coruja Branca visitar a Sabedoria, a Solidão era um pouco anti-social, quando os quatros Ventos vinham, a Solidão saia caminhar em outras montanhas. E foi justamente quando a Solidão saiu caminhar e quando os quatro Ventos voltaram para os cantos do mundo que o Corvo apareceu.

- Quem é você? – Perguntou o Corvo para a Coruja Branca.
- Que pergunta mais difícil você me faz! – Respondeu a Coruja Branca – Porque não me perguntas quem eu não sou?
- Quem você não é? – Perguntou novamente o Corvo.
- Eu não sou um nome chamado Coruja Branca, nem sou um animal como a separação dos seres diz, não sou uma característica, não sou você, não sou nada do que não sou eu. Porque eu não sou os signos que me nomeiam.
- Entendo! Prazer, eu não sou um nome chamado Corvo, nem sou uma ave preta que corta os céus e os mares, não sou o que me classificam, não sou um aventureiro, não sou nada do que não sou.
- O prazer é todo meu Senhor Corvo! – Falou a Coruja.
- O que você faz? Continuou o Corvo.
- Eu me preparo á anos e anos para conhecer pessoalmente uma amiga, você deve ter ouvido muito sobre ela, a Sabedoria!
- Sim, sim! – Respondeu curioso o Corvo – Também pretendo visitá-la algum dia, mas no momento encontrei uma caixa que guarda o tempo e eu a abri, mas agora não sei como gastar esse tempo, porque esse tempo é diferente de todos os outros tempos, esse tempo são migalhas totalmente pequeninas de instantes!
- Oh, deixe-me ver! – Inclinou-se para a caixinha a Coruja Branca – Você tem razão, ele é bem curto!
- Me sinto sozinho e esse tempo é muito pequeno para que eu encontre a Sabedoria, preciso ser mais hábil, ser mais produtivo para a selva, pois a selva me dá pouco quando produzo pouco. – Falou o Corvo olhando para a selva ao seu redor.
- Sei como é – Suspirou a Coruja Branca – A selva me excluiu á algum tempo, pouco ela me dá, pois nada produzo a não ser meus pensamentos, mas pensamentos não mata a fome, porém se eu encontrar a Sabedoria ela irá me ajudar, sinto isso com tudo o que sou!
- Admiro sua coragem! – Falou o Corvo.
- Invejo sua liberdade... – Respondeu a Coruja.
- Venha comigo voar um pouco pela selva! – Convidou o Corvo.
- Oh, não sei bem se é certo, á muito tempo não vôo, posso me perder e depois não me encontrar mais! – Lamentou a Coruja Branca.
- Se você se perder eu te acho e te devolvo a ti! – Consolou o Corvo.

 ♘
 Então voaram juntos pela selva, mas a Coruja Branca esqueceu que seu vestido era de flocos de neve e então ela viu todo o véu gelado derreter de suas asas e notara que passou tanto tempo no topo da montanha que seu pequeno coração congelou com as visitas dos quatro Ventos e então ela não conseguia mais voar, pois seu coração estava quente demais para si mesma e o gelo que derretia saia pelos seus olhos, suas asas foi machucada pelos galhos das árvores devido a falta de habilidade que ela teve.

O Corvo desesperadamente a procurou, mas a Solidão visto que a Coruja Branca não estava no seu lugar de sempre, saiu desesperadamente e encontrou a Coruja Branca antes do Corvo e a levou de volta para a montanha. Os quatros Ventos voltaram preocupados com as feridas da Coruja Branca e visto que não poderia curar essas feridas, sopraram sobre elas para que congelasse e para que a dor não doesse, mas o que mais sangrava dentro de si era o seu coração, pois havia algo ali que a deixava fraca e frágil.

A Coruja Branca passou meses sem ver o Corvo e descobriu a ferida que dói e não se sente, desesperada ela pediu para que os Ventos tentassem novamente congelar seu coração, mas os Ventos acabaram trombando entre eles e nem seus furacões foram capazes de congelar aquele pequenino pedaço de carne que queimava como vulcões explodindo. Visto que não tinha solução pediu para a Solidão procurar o Corvo.

A Solidão toda silenciosa, descobriu que o Corvo entristeceu alguém e voltou correndo contar para a Coruja Branca.

- Coruja Branca, minha companheira de lágrimas e melancolias, fui buscar aquele que faz seu coração sangrar e queimar, descobri que há uma pequena donzela que cujo nome significa quase o meu nome, os gregos falaram que seu nome diz “sozinha e solitária”... A donzela sozinha e solitária não quer mais falar com o Corvo. Corvo machucou o coração da donzela.

- Obrigada Solidão, sempre soube que junto com a Sabedoria, você é a amiga mais fiel que sempre esteve por perto, lamento ter saído de perto de você sem avisar, eu me distraí um pouco com o Corvo que também buscava aquela que eu busco. Coruja Branca não tem medo de você, Coruja Branca conhece agora a dor do coração que sangra e não quer ver a donzela cujo nome é sozinha e solitária, chorar... – Sorriu falsamente para a Solidão – Diga ao Corvo que eu tenho você e que ele precisa cuidar da donzela sozinha e solitária e entregue a ele essa carta.

A Solidão saiu na selva cumprir seu dever, mas Coruja Branca não viu a Solidão voltar... Então a Coruja Branca decidiu que o topo da montanha gelada era seu lugar e embora seu coração não pudesse congelar de novo, ela podia fazer da dor lindos poemas melodramáticos e versos para inspirar aqueles que amam.

- Volte logo Solidão... – Falou baixinho para que os quatro Ventos não ouvissem. - Talvez eu não percebi, mas o Corvo gastou o tempo da caixinha feitos de instantes comigo...


Marianne

A vida é como uma vela queimando... Chore sua cera, antes que ela se apague.



Mari

Marianne

Pense em mim quando a chuva chorar em sua janela
Pense em mim quando as ondas quebrarem no mar
Pense em mim quando o sol iluminar seu quarto
Pense em mim quando sentar sozinho na frente da TV

Sete meses e uma frustração corroendo a alma morta
Três anos e uma inutilidade existencial afogando uma vida
Eu pensei que tudo poderia congelar como a imagem das fotos
Eu pensei que você pensaria em mim quando subisse para voar longe

Pense em mim quando ganhar seu primeiro salário que o fez sair daqui
Pense em mim quando se sentir satisfeito com seu deus de papel
Pense em mim quando achar que alguém te ama
Pense em mim quando pensar que ninguém pensa em você

Dezenove anos e um deserto a dois vivido em uma cidade
Vinte e cinco anos e o mundo parecia ser ao seu favor
Eu pensei que nossa aliança estava além do material
Eu pensei que você pensava em mim quando ninguém pensava

Pense em mim quando eu não pensar mais em você...
Marianne
Estou concluindo a leitura da obra de Kierkegaard, Migalhas Filosóficas, um ótimo livro com uma boa tradução da Editora Vozes. Pessoalmente, gostei muito do ponto de vista de Kierkegaard ao trabalhar com a relação entre mestre e aprendiz, é um dos livros que aconselho á quem gosta de uma boa filosofia detalhista.


A Editora Vozes apresenta nesta obra o pensamento de Sören Kierkegaard, um dos mais instigantes filósofos do pensamento contemporâneo, que resgata nesse livro (com pano de fundo os temas cristãos do pecado e da graça) a teoria socrática da reminiscência, construída com a tese de que o homem já está na verdade. Desta forma, o instante não tem mais importância fundamental, constituindo apenas a ocasião. Como alternativa, Kierkegaard monta um projeto teórico, onde o instante assume importância decisiva para a felicidade eterna.



ONDE ENCONTRAR:

Marianne
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BOTÕES DE ROSAS

Colham botões de rosas enquanto podem,
O velho Tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.

O glorioso sol, lume do céu,
Quanto mais alto eleva-se a brilhar,
Mais cedo encerrará sua jornada,
E mais perto estará de se apagar.

Melhor idade não há que a primeira,
Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;
Mas quando passa, piores são os tempos
Que se sucedem e se arrastam inclementes.

Por isso, sem recato, usem o tempo,
E enquanto podem, vivam a festejar,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terão o tempo inteiro para repousar.
Botões de Rosas
Colham botões de rosas enquanto podem,
O velho Tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.

O glorioso sol, lume do céu,
Quanto mais alto eleva-se a brilhar,
Mais cedo encerrará sua jornada,
E mais perto estará de se apagar.

Melhor idade não há que a primeira,
Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;
Mas quando passa, piores são os tempos
Que se sucedem e se arrastam inclementes.

Por isso, sem recato, usem o tempo,
E enquanto podem, vivam a festejar,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terão o tempo inteiro para repousar.

Autor Robert Herrick

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APROVEITA O DIA

Aproveita o dia,
Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido...

Autor Walt Whitman

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Fui à floresta porque queria viver profundamente
e sugar a essência da vida,
eliminar tudo que não era vida,
e não, ao morrer,
descobrir que não vivi.

Autor Henri D. Thoreu

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Marianne
Não resisti e comprei o livro da Editora Zahar que vem com as duas obras de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, com ilustrações de John Tenniel. Muito bom, em breve posto alguns comentários a respeito da obra.

Marianne
Confesso que não sou muito adepta de ficar na frente de uma televisão ou com a cara atrás de um jornal, pra me manter 100% atualizada. A mídia se tornou o foco de toda sociedade, pois a sociedade em si é foco da mídia, como se fosse um espelho refletindo a imagem da coisa em si. Mas a divulgação dos acontecimentos sempre está na ponta da língua do povo, é inevitável fugir da mídia como é inevitável fugir da sociedade. Não é muito da minha índole comentar um fato, erguer a bandeira, vestir a camisa e sair por ai revolucionando com um pensamento, além do mais, o que refleti sobre isso não é nada novo.

O que me deixou pasma foi a brincadeira das pulseiras de silicone. No meu tempo (frase de velha) essas pulseirinhas eram moda, era em meados do ano de 2004 á 2005, mas não tinha um pingo de intenção atrás disso, e se alguém estourasse uma, saia briga (afinal, pagávamos R$ 0,25 por cada) e não sexo ou estupro.

Ironias a parte. Eu pessoalmente, como planejo ser educadora, professora e mãe, não posso deixar passar como um fato qualquer isso, pois é absurdo ver os adolescentes se submeterem á uma simples tirinha de silicone no braço, a escolha do sim e do não está na consciência, seja com ou sem uma porcaria de pulseira no braço. Então surge a questão e a afirmação, eles têm apenas treze anos, como fazer com que eles tenham a consciência disso? A partir do momento que entende muito bem sobre sexo, pode ter certeza que entendem muito mais do que imaginamos, o problema maior é que tratamos os jovens como se fossem crianças de quatro anos, evitamos dar uma educação mais rigorosa em termos de consciência e responsabilidade, do que ver que atualmente a mente de um jovem funciona como a de um adulto. Até quando vamos fugir para a desculpa de que “é perigoso sobrecarregar o psicológico de uma criança” com uma educação mais firme, achando que isso pode causar frustrações futuras nelas? Poxa, elas já são frustradas, ou uma adolescente de 13 anos estuprada por quatro jovens não é frustração? Se isso não frustra os jovens, eu fico frustrada por eles então!
O ruim é que na adolescência todos caminham onde a “massa” caminha, se a maioria fizer uso de tal acessório, o individuo também começa a fazer uso, ainda mais quando colocam uma intenção atrás do uso. Não que no mundo adulto seja muito diferente, mas a noção de causa e consequência é bem clara. O adolescente busca sempre ser o centro das atenções, penso que ao consumir a pulseira com uma intenção, ainda mais quando essa intenção envolve inúmeros fatores, sendo eles a estética e o sexual, torna-se um meio de “testar” essas atenções, pois o valor nessa idade está no “quão desejado você é”.

Proibir a venda do acessório não é a solução, pois a intenção permanece, os adolescentes são criativos demais, ainda mais quando se diz respeito aquilo tudo que eles aprendem que é proibido. Anula aqui - eles inventam outra ali.

A educação da sociedade atual se dirige tanto ao capitalismo que se esquece de dirigir o indivíduo á consciência de suas ações, é sempre mais fácil por a culpa em algo como um pedaço de plástico, do que assumir que há uma imensa lacuna na educação que deixa passar inúmeros acontecimentos que prejudica o indivíduo, refletindo que, a sociedade é feita pela soma desses indivíduos, então até onde essa sociedade irá caminhar com um bando de indivíduos que pensam pela massa e não por si mesmo? - Isso já nos leva a uma outra reflexão sobre massa e indivíduo.

Nos tempos não tão antigos assim, se alguém chegasse e falasse “quero te comer”, era um desrespeito moral e ético, agora isso virou sinônimo de elogio. Então, como atuar em uma sociedade em que o sexo sem responsabilidade já começa na infância? Ou tornamos nossas crianças conscientes das causas e conseqüências, ou sentamos em nosso sofá, ligamos nossa TV e ficamos assistindo o índice de impudor ao menor aumentando, seja dele mesmo ou de outrem.

Enfim, voltamos ao ditado que nossos pais sempre falavam “as brincadeiras acabam em brigas!”. Mas eu acredito que através da educação é possível diminuir essa lacuna que há na sociedade brasileira e nela própria como já mencionei, e digo sociedade brasileira porque temos que cuidar primeiro do nosso espaço, pra depois querer cuidar do espaço dos outros (dá-lhe Obama!). Logo, logo aparece mais uma “novidade assustadora” em nossos meio de comunicação.


Marianne
Navegando por alguns blogs, sendo um deles "Mors omnia solvit", achei um poema incrível de Augusto dos Anjos, roubei com o ctrl+c e colei aqui:


- Versos Íntimos -

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Marianne
TERCEIRA PARTE


"(...) porque não via no mundo nada que continuasse sempre no mesmo estado..."

"(...) caminhar sempre o mais reto possível para um mesmo lado, e não mudá-lo por quaisquer motivos, ainda que no início só o acaso talvez haja definido sua escolha..."

"E, assim como as ações da vida não suportam às vezes atraso algum, é uma verdade muito certa que, quando não está em nosso poder o distinguir as opiniões mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis..."

"E, da mesma maneira que ocorre ao demolir uma velha casa, conservam-se comumente os entulhos para serem utilizados na construção de outra nova, assim, ao destruir todas as minhas opiniões que julgava mal alicerçadas, fazia diversas observações e adquiria muitas experiências, que me serviram mais tarde para estabelecer outras mais corretas."

"Porém, tendo o coração bastante brioso para não desejar que me tomassem por alguém que eu não era..."


PS: Terminando a leitura da Quarta Parte, já coloco as outras frases que gostei.
Marianne
SEGUNDA PARTE


"(...) não existe tanta perfeição nas obras formadas de várias peças, e feitas pela mão de diversos mestres, como naquelas em que um só trabalhou. Deste modo, nota-se que os edifícios projetados e concluídos por um só arquiteto costumam ser mais belos e mais bem estruturados do que aqueles que muitos quiseram reformar, utilizando-se de velhas paredes construídas para outras finalidades."

"O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele.
O segundo, o de repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las.
O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como galgando degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e presumindo até mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.
E o último, o de efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais eu tivesse a certeza de nada omitir."

"(...) existindo somente uma verdade de cada coisa, aquele que a encontrar conhece a seu respeito tanto quanto se pode conhecer."