Marianne
Sentei sozinha na beira da minha cama, segurei um calendário antigo nas mãos e me lembrei de todos os anos bons que pertencem ao passado agora... Espero poder revê-los algum dia, como hologramas futurísticos, afinal, tudo é luz...

Passou o outono e voltaram mais três vezes, os verões eram coloridos demais para que eu vivesse e o frio do inverno sempre foi mais nostálgico, já a primavera era uma sensação de algo não vivido. Somei todos os dias desde que foi declarado que não poderia ver mais o seu rosto, e a soma desses dias se tornaram anos, tantos anos distanciando você de mim, tão longe que parece que foi ontem! Escrevi tantas coisas na sua ausência, uma ausência avassaladora e tão presente, mais presente que a sua própria presença.

Lembro o tanto que eu te falava e o tudo que por medo evitei te falar, mas á tempo, porém no final... Consegui falar que “te amo, mais do que ontem e menos que amanhã”... Você reconheceu a sinceridade dos meus sentimentos, pois eu abandonei a razão para te amar, mesmo sabendo que você abandonou a emoção para conseguir partir. Eu era altruísta por você, você sabia disso, talvez tirou seus proveitos, mas a escolha sempre foi minha, você sempre tentou fazer eu criar consciência sobre a responsabilidade das escolhas, embora você duvidasse, embora você tivesse seus complexos intelectuais e estéticos, acredite, você foi a melhor escolha que eu fiz, mesmo notando que o que restou agora é apenas o eco dessa escolha e não ela em si.

Eu morreria por você, metaforicamente – eu morri. Me anulei, fiz meu eu fugir de mim mesma, eu era muito dentro de mim mesma, tinha que tirar algumas coisas pra poder dar espaço para o tudo que você era, mas o vazio se intensificou e mesmo agora pegando tudo de volta que era meu, esse tudo não preenche a sua falta... Você é insubstituível, sei que corro o risco de tentar te substituir e me magoar, por isso casar com a sua ausência seria o mais aceitável a se fazer.

Me sinto em paz e em caos quando penso, lembro e sonho com você. É justamente a saudade que sinto de você que me destrói e me reconstrói – e assim sigo como quem não precisasse de mais nada para seguir.
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