Marianne

Vaga-lumes estão fingindo serem estrelas no meu quintal
Após a lua passar o dia todo fingindo ser sol
Está tão frio, mas todo o meu sangue pulsa devagar e não mais o sinto
Em algum canto da cidade ouço alguém tocando piano pela madrugada
E talvez por acidente alguém tocou os sinos da igreja
E esses sons choram a partida de quem foi para a terra do nunca
Meu cabelo já se confunde com uma cortina e eu não me importo tanto
Fecho meus olhos e esse vento gélido trinca meu rosto
As pessoas ao redor se tornam mobílias e eu não consigo mais vê-las
Nada está se movimentando...
Somente as folhas sendo secas pelo outono demonstram ter um pouco de vida
E eu estou aqui, minhas mãos ficam roxas, mas consigo escrever
Pois além de tudo, as lágrimas são as únicas coisas quentes a saírem dos meus olhos
Só quero me afastar daquilo que me angustia
Só quero me afastar daquilo que me inferioriza
Só quero me afastar de qualquer convívio prejudicial
Só quero uma casinha no campo perdida na Alemanha
Com alguns cachorros e gatos correndo pelos corredores
E uma lareira para aquecer a solidão amiga
Quero apenas que todos me esqueçam
Por mais que eu tente é somente no meu individualismo que eu consigo ser feliz com minha tristeza
Pois vivo em terra de cegos, embora eu não seja rainha nela...
E não perguntes por onde ando, pois estarei tão longe...
No final só restou um sentimento de que eu não passei de uma peneira para tentar tapar seu sol...
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