Marianne
Louco sempre foi aquele que fez coisas diferentes. Louco sempre foi aquele que esteve azul quando todos queriam ser verde. Louco é o individuo que não está de acordo com a normalidade da sociedade. – Eu sou louca.
A maioria das pessoas se desesperam quando estão tristes, enquanto eu paro, sento na beira da minha cama e fico questionando e analisando o sentimento de tristeza em mim e noto que não é desagradável, é somente um estado que impede que minha face expresse uma fisionomia oposta daquilo que sinto no momento e então quando menos espero, já não há mais tristeza, pois quando a descrevi para mim mesma, quando tive consciência dela, ela se limitou, se foi. Algumas coisas, ás vezes quase todas, não são e nem estão da maneira do nosso gosto, mas isso não me matou, não importa quantas metáforas eu use para descrever a dor sentimental de perda e de desgosto, elas não foram capazes de me fazer parar e a importância real está nisso.

A sociedade não sabe lidar com indivíduos indiferentes á ela, eu busco ser indiferente propositalmente, porque não gosto quando as pessoas aprendem a lidar comigo, é como se eu fosse manipulada 100% em tudo, meus pais sabem lidar comigo, sou escrava do amor deles e gosto e odeio, porque é um amor que é tão intenso, capaz de reduzir em um segundo todo o meu ser em pó. Lembro certa vez aos seis anos quando li o livro de Apocalipse 3, no versículo 15-16, uma passagem que era: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” Na época da ingenuidade, talvez nem tanto comparada com das outras crianças, eu acreditei que eu deveria ser o extremo de todas as coisas, o extremo positivo ou o extremo negativo e enfim o resultado foi uma formação moralista doentia. Mas agora, se Deus (anulando minha visão agnóstica) viesse em matéria e me falasse isto eu pediria para ele me vomitar, pois sou morna, não defendo e nem carrego nenhuma bandeira, não sigo uma multidão, não luto mais por uma verdade absoluta.

E se me perguntares qual é o sentido da existência a minha resposta seria “não há sentido, tudo é um acidente”. Digo acidente no sentido de inevitável e também trágico, por ser algo que até onde meu conhecimento alcança, não é algo que se escolhe.

Se existo, existo para me entender, visto que tudo o que procuramos mesmo inconsciente é conhecer, mesmo quando ainda não completamos um ano de idade, queremos tocar tudo, cheirar, morder, todos os nossos sentidos pedem para serem sentidos e então uma parte do nosso conhecimento é essencial ser empírico.

Conhecimento, seria a minha motivação existencial do princípio ao fim. E por isso eu sou louca, porque eu não me alienei totalmente ao consumismo da massa, nem ao conformismo mundial, ou melhor, universal. Sou louca porque penso, percebo, questiono e... Existo.
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