Enquanto lia para a prova sobre as Linhagens do Estado Absolutista de Perry Anderson juntamente com o tema da Sociedade da Corte de Morbert Elias, notei que eu não lia nada. Sabe quando seus olhos estão ali trilhando as letras, mas sua mente está trilhando outro assunto absolutamente nada a ver com o que no momento você tem que considerar importante? Pois é, isso sempre me acontece, ai como todo individuo dessa década, recorro ao Google. Escreverei uma paranóia: O Google se tornou praticamente para nós aquilo que para os gregos era o Oráculo de Delfos, uma espécie de Pitia, você conhece a ti mesmo quando digita lá os sintomas e descobre a doença. Enfim tudo se tornou problema psicológico nessa época, tudo vem como epidemia.
O virtual determina o que você é e o que você deixa de ser, e o cômico – acreditamos nisso. Só pra dar uma ênfase, o virtual não deixa de ser um dos meios principais onde a sociedade atinge o indivíduo.
Então penso, que massa é essa? Me lembro de um comentário, de um debate mesmo em sala, que a reflexão era sobre o fato de que pertencemos á uma geração fraca, recorremos á todo tipo de remédio para todo tipo de dorzinha, por mais simples que seja, já não temos resistência física nem psicológica, e enquanto eles falavam eu pensava e pensava, é um efeito de reação em cadeia que temos, tomamos um remédio para um sintoma, só que tal remédio causa um efeito colateral, dor de cabeça por exemplo, então tomamos um outro remédio para a dor de cabeça, mas logo esse também causa um efeito colateral, insônia vamos supor, mas precisamos dormir e então tomamos algum tipo de calmante para isso, só que este também tem seus efeitos colaterais, e quando vimos já estamos tomando uma farmácia! O mais engraçado que todo mundo começa com os “remédios naturais”, é chá de alguma coisa, é suco de uma mistura de alguma folha, semente, flor, ai o efeito placebo passa ou o processo é muito lerdo e apelamos de vez para as drogas farmacêuticas. Isso não tem fim!
O mais engraçado é que para algumas pessoas é bonito falar que toma um remédio de tarja preta, timbre como um ato corajoso, quando na verdade é um ato de auto-destruição e não conservação como pensamos quando tomamos. É tudo muito... Irônico! Eu pessoalmente não suporto o início de uma enxaqueca sem neosaldina ou dorflex, veja bem, o início! Quem dirá a continuidade dela?
Mas enfim, é um dos mal-estares na civilização! Logo os corpos nem irão mais se decompor de tanta droga embutida durante a vida.
Ambos chegamos quietinhos... Cada um se alojou no cantinho do outro... E ali permanecemos, supostamente quietos.
Então, eu quiz saber mais de Marianne... E por favor, não tome tal afirmativa como sendo invasiva. "... porque não gosto quando as pessoas aprendem a lidar comigo..."(Sou Morna).
Passei a ler... reler... ler... Ao passo da leitura reflexiva, deixei que minha intuitiva percepção esboçasse desenhos de quem escrevia. Não foram desenhos da face. Não havia contornos de corpo. Sequer os olhos foram pincelados.
A busca construida fora mera tentativa de saber e compreender o ser humano que habitava tantas palavras lidas.
"...Um mosaico de inconformidades" (Santa Paciência), reflexões sobre a autonomia do ser e do vir-a-ser (Comédia Dramática) e tantas, tantas outras falas extremamente bem construídas, inteligentemente vazadas da alma!
Assim, "... em apenas um instante...", brotou encantamento! Admiração às atitudes emprestadas, lidas nas verdades enunciadas, no inconformismo retratado e na madura consciência de argumentos consistentes.
Com a sua permissão, e repito (rsrs), sem a menor intenção de aprender a lidar com você (rsrs), voltarei mais vezes para saber mais. É um ato pedagógico, ainda que virtual: aprender-ensinar e ensinar-aprender. Esse é um remédio sem efeitos colaterais.
Caro Gilmar,
Primeiramente agradeço pela atenção dada.
Achei um tanto engraçado quando escrevi o post "Sou Morna" e mais tarde encontrei o seu blog onde tinha um post oposto á minha reflexão, foi algo como nomeiam de "coincidência". E adorei a sua reflexão, não importa o quanto eu produza, no meu caminho é essencial os conceitos opostos, "os contrários" como diria Sócrates em Fédon.
Como ando me preparando para a área de ensino, ter conhecido seu blog foi de certa maneira um benefício, visto que é sempre bom observar e dar atenção àqueles que já estão á algum tempo trilhando o caminho que estamos iniciando.
Sobre o fator “lidar”, é algo que venho refletindo á algum tempo, quero entender como eu me sinto quando alguém “lida” comigo, visto que terei que aprender a “lidar” com meus alunos brevemente, não é mesmo? Rsrsrs...
Novamente, obrigada pelas boas palavras.
Grande abraço
Marianne