Não sei se as leis são justas ou injustas,
Nós que jazemos na prisão,
Tudo quanto sabemos é que é forte
Essa muralha que a circunda;
E que igual a um ano é cada dia,
Ano de dias infindáveis.
Mas o que sei é que todas as leis
Pelo Homem feitas para os Homens
Dês que o primeiro seu irmão matou
E deu início ao triste mundo,
O trigo espalham e retêm a palha
Com seu crivo de malefícios.
Eu sei também – e quão sábio seria
Que o mesmo cada qual soubesse –
Que é feita de tijolos de ignomínia
Toda prisão que os homens erguem,
Com grades para o Cristo não ver como
O Homem mutila seu irmão.
Essas grades a lua amável mancham
E escurecem o sol bondoso;
Bem fazem no esconder o seu Inferno
Pois nele coisas se praticam
Que nem Filho de Deus ou Filho de Homem
Jamais devia contemplar
(página 982)
WILDE. Oscar. Obra Completa.- Rio de Janeiro: Editora Nova Aguiar, 1993.
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