Às vezes penso que o vento possui uma consciência maliciosa e brincalhona, faz da minha vida uma folha que vai e vem, ou quem sabe, na verdade, sou uma árvore enraizada nesse solo limitado que me limita, penso que o vento retira minhas folhas e traz á mim, como redenção, inúmeras coisas inimagináveis...
O vento fez uma cortina dançar e nessa valsa eu descobri que alguém existia, embora não vejo mais esse alguém, eu ainda vejo as cortinas... A semelhança de todas as cortinas traz a mim a lembrança de uma coisa em si, de alguém em si, mas que vive longe de si... Esse alguém não se parece com as cortinas, mas a cortina escondeu seu rosto, agora todas as cortinas trazem a mim o rosto - que uma única cortina deixada a se levar pelo vento - escondeu diante de mim. Todas as cortinas escondem um único rosto que nunca se revela para mim.
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