Marianne

O orvalho é a lágrima da rosa
Mais um dia surge e o sol apaga as estrelas
A vida nasce de amor e morre no amor
Mas, embora tudo tenha sua intensidade,
Quando mudamos de escolhas – As pessoas mudam de nós
É um caso irreversível e imprescindível

Oxum veio dançando com o vento, chorando,
Em meio as folhas secas, pintou o cenário de outono,
Derramou, pois, suas lágrimas como gotas de chuva:
Sobre mim, sobre ele – Nós amamos sem saber.

Sou o narciso que debruça nas margens do lago
Eu me apaixonei por ele e por mim mesma
Talvez daqui sete anos ou sete décadas eu me torne um lírio em si
Seja como for, serei o primeiro lírio negro – mas serei.

Não há um deus para me julgar
Não há um demônio para me tentar
Apenas eu e a responsabilidade da minha vida
Então nesse mundo insano quero transformar-te,
Desenhá-lo em tela como se fosse o meu Dorian Gray
Exclusivo e presente abaixo de um lençol no canto do quarto
Preservar então o sorriso que tirou o único pedaço humano que eu tinha

Gotas de chuvas ofegando as flores
Meninas rasgam seus vestidos brancos por um mestre
O sol deita no fundo do meu jardim
Manchando de vermelho o horizonte
E as estrelas nascem novamente
A escuridão nunca poderá ser completa enquanto elas existirem
Quem irá abalar os céus para apagá-las na noite?

Vejo meu amante em cada espectro passageiro
Ele é o abrigo seguro que quero me esconder
Mas ele não me vê...
Não me vê em si, como o lago vê o lírio em sua superfície
E o abraça cada vez que vibra suas águas
Quero me afogar em suas ondas só uma vez
Mais uma única vez ver aquele sorriso
Abrindo como as asas de uma pomba branca
Em um céu castanho com nuvens de neve
Em seu rosto de escultura grega.
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