Marianne

Quando olho para essa pele, essa camada que me prende, vejo apenas um casulo, uma casca sem vida, nunca estive tão em mim como estou. As pessoas que pertencem ao plano exterior não têm importância para mim, são apenas instrumentos de fácil controle, ferramentas que pedem para serem manipuladas, estão dormindo, estão cegas, mas não morta como eu.

“Você é uma jogadora profissional” – me falaram uma vez... Sim, talvez eu seja, existir e sobreviver não passa de um jogo, e no tabuleiro que estamos temos que controlar as pessoas em movimentos certos, ou elas serão tiradas de nós, como em um jogo de xadrez.

Ás vezes aparece uma ou outra pessoa que você acaba “especializando” ela na sua existência, mas não dura muito tempo não. De todas as amizades que eu já tive a única verdadeira foi a Solidão, sempre companheira, sempre presente.

O mal desse século é as pessoas usarem as outras como “próteses”, termo que ouvi certa vez em aula, quando as pessoas fazem da solidão uma inimiga, liga para nós como se falassem “prótese temporária você pode vir aqui substituir esse pedaço que me falta?”.

Todo ser humano é traidor por natureza. A humanidade deveria aprender mais com os animais, serem mais independentes sabe? Um lobo ferido não precisa da ajuda de outros lobos para se curar, ele não chama sua matilha para socorrê-lo, embora ele uive de dor, ele se esconde na floresta ou em uma caverna, tem a sabedora e a temperança como virtude, sabe que o tempo poderá curá-lo, então fica deitado até as feridas cicatrizarem, ele as lambe porque sabe que ele é para si mesmo o melhor de todos os remédios.

O que falta é as pessoas aprenderem a serem mais auto-suficientes, pois nessa dependência do outro, nesse ato de fazer do outro uma muleta, cria uma divisão no mundo de duas categorias, uma dos que usam e outra dos que são usados.

Sinceramente, de todos os séculos, a juventude atual é a mais nojenta e alienada, tentar adaptar-me a ela, é como entrar numa donzela de ferro e não morrer.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Gostei muito de ler.


Postar um comentário